quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Liberdade relativa

Pessoas são definidas por suas concepções do que vem a ser liberdade. Por isso, compreender o conceito alheio é tão importante em minha opinião. Conhecer opiniões é a melhor maneira de conhecer as pessoas integralmente. E partir para um momento de confronto de idéias, invariavelmente é o que nos transforma em pessoas melhores.

Não pretendo expor detalhes sobre meus pontos de vista neste momento. Entendo que faço isso o tempo inteiro… desde os não-motivos pelos quais sou corinthiano, às minhas convicções bíblicas mais fundamentadas. Gostaria de propor idéias absurdas, numa tentativa de relativizar o que vem a ser liberdade.

Pra começar, imagine o velho jardim do Éden, segundo a bíblia, habitação do primeiro homem e de sua mulher nos primórdios da humanidade. Tenho plena convicção de que a maioria esmagadora das pessoas idealiza uma imagem muito semelhante de tal jardim. Pois tentemos olhar para os fatos de um ponto de vista diferente. O jardim era como um bordel. Sexo rolando em todo e qualquer lugar. Adão era um cara atacado. Traçava todas as mulheres do local. E sua mulher também não ficava atrás. Entregava-se com prazer ao primeiro homem que passasse em sua frente. Deus fazia vistorias periódicas ao final do dia, embora na verdade ele estava de olho em tudo, numa espécie de pay-per-view do Big Brother. E homem e mulher eram seres livres. Sem o peso (e a possibilidade) de compararem indivíduos, estavam livres e plenamente satisfeitos com o que tinham. Esta liberdade é suficiente para você?

Passemos a outro assunto bem interessante. Posso eu, enquanto cristão, consumir bebidas alcoólicas? Creio que esta discussão rende muitas controvérsias. Mas para relativizarmos o assunto de maneira definitiva, que tal falarmos sobre o consumo da maconha?

Posso eu, enquanto cristão, enquanto salvo, enquanto pastor… ser um consumidor de maconha? Sejamos diretos: o que a bíblia diz explicitamente sobre o assunto? Pra começar, não há uma referência sequer direcionada ao consumo de produtos fumígeros. Mas há uma quantidade significativa de instruções no Novo Testamento em favor de não destruírmos a nós mesmos. Porém, o conceito de destruir-se pode ser estendido a tudo aquilo pode causar dano a nossa saúde. Da Coca Cola gelada que bebemos diariamente… passando pelo consumo excessivo de carne vermelha… e chegando finalmente na abstensão de determinados alimentos (que nos prejudica pela falta de determinados nutrientes).

Afinal, é PERMITIDO ou não que um cristão consuma maconha?

Claro que sim! A liberdade conquistada na cruz nos garante o direito de fazer todas as coisas. Porém, o apóstolo Paulo enfatiza o quanto PODER não significa DEVER. Somos livres inclusive para pecar. Mas não devemos. Algumas coisas não valem a pena. E liberdade nada tem a ver com fazer, mas simplesmente como compreender que a possibilidade e responsabilidade moral de errar existe.

Exijo o meu direito de consumir entorpecentes. Para que eu possa, no auge da concepção da liberdade em Cristo, renunciar. Quero o direito de fumar cigarros, para evitá-los. Quero poder beber livremente, para nunca exagerar.

E aqueles que não vivem em plena liberdade por não possuírem conceitos esclarecidos sobre o que é PODER e o que vem a ser CONVENIENTE, estes serão recebidos no convívio da Igreja sem pré-julgamentos.

Apenas quem vive em plena liberdade é capaz de amar incondicionalmente a outros. Apenas quem aprendeu a ser livre, será capaz de ajudar outros a encontrarem o único CAMINHO para a verdadeira liberdade.

Esta liberdade é suficiente para você?

Por Ariovaldo Jr ⋅ 28 de dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

De como nos congratulamos sem cessar

Minha mesquinheza não tem limites, mas não é sempre que recorro à custosa lucidez que poderia manter-me consciente deste detalhe.

Terá sido há vinte anos, mas lembro claramente o dia em que diagnostiquei em mim mesmo o mecanismo de congratulação infinita, através do qual me parabenizo incessantemente pela qualidade equilibrada e excelsa da minha posição. Percebi que, quando estava na casa de alguém muito pobre, agradecia em oração silente a Deus o fato de não ser tão pobre quanto aquela pessoa, e de poder dessa forma ser poupado dos pecados e tentações da pobreza; paralelamente, quando estava na casa de um homem mais rico, Consideramo-nos as mais equilibradas e admiráveis das criaturas.congratulava-me pelo fato de não ser tão rico quanto ele, e de ser dessa forma poupado dos pecados muito evidentes da sua riqueza.

Quando uma coisa aconteceu logo após a outra fui capaz de enxergar por um instante o mecanismo por trás da cortina, e recuei em absoluto horror diante de mim mesmo. Mas não tenha pena de mim, porque essa espécie de lucidez só dura um momento. Na maior parte do tempo somos precisamente como o fariseu da parábola, que felicitava-se – e diante de Deus! – por não ser pecador como aquele cobrador de impostos. De fato, consideramo-nos as mais equilibradas, compensadas e admiráveis das criaturas, e damos constantes tapinhas nas nossas próprias costas a fim de festejar adequadamente esses méritos.

Fazemos isso condenando sem cessar, do alto de nossa posição, as descompensações dos outros. Não me lembro de ter visto esse mecanismo articulado de forma mais brilhante do que nesta tira do genial David Malki !, em que um desprezível protagonista, que somos nós, professa sua fé:

– Qualquer um mais inteligente que eu é um nerd; qualquer um mais burro que eu é um idiota. Qualquer um mais velho que eu é um decrépito; qualquer um mais novo que eu é um guri. Qualquer um menos promíscuo que eu é um puritano; qualquer um mais promíscuo que eu é um puto.

E, enquanto nos julgamos no centro do equilíbrio, somos poupados dos riscos que ocasionaria avançar em qualquer direção. Bendita seja nossa mediocridade, que nos salva a cada minuto da insensatez que seria avançar em direção à grandeza.

por Paulo Brabo

FONTE: www.baciadasalmas.com/

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Impureza Sexual tem Cura? - PARTE 2

O meu corpo sou eu, ou não sou eu, afinal de contas?

Os espíritas e alguns irmãos neopentecostais dizem que somos espíritos que habitam em corpos -- mas isso não pode ser verdade. Afinal, Deus disse a Adão: “Tu és pó”. Então o corpo também sou eu. Estranhamente, no entanto, o apóstolo Paulo, que não era espírita nem neopentecostal, dizia que o seu corpo era a sua “casa”.

Ora, se eu sou meu corpo, mas também posso tratá-lo como a minha casa, então há algum tipo de complexidade em mim; talvez, haja uma dualidade. Sou capaz de não apenas ter um eu, mas saber que tenho um eu, e até mesmo dialogar comigo mesmo. E mais: posso me relacionar com o meu corpo (que também sou eu) a ponto de tratá-lo como “eu” e “ele” ao mesmo tempo, como Paulo faz em Romanos capítulo 7, dizendo coisas como “em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum”, e logo depois que “o querer o bem está em mim”.

Bem, acredito que essa dualidade tem tudo a ver com a questão da impureza sexual. No artigo anterior falei sobre a necessidade do amor ao próximo para lidar com a impureza sexual; agora vou tocar em outro ponto -- o amor do homem por seu próprio corpo. Porém, não quero tratar do assunto do ponto de vista tipicamente psíquico, ligado à questão da autoestima; é que, de algum modo, sinto que a nossa visão sobre a relação entre a personalidade e o corpo tem um impacto estruturante em nossa ética sexual. Certo, parece uma afirmação trivial. Mas minha experiência me diz que a trivialidade anestesia o nosso senso crítico.

Passemos então sem demora à discussão do assunto: como é essa relação entre mim e o meu corpo?

Dentro e fora

Vamos assumir que de um jeito ou de outro meu espírito e meu corpo sejam o mesmo “eu”, a “alma vivente”, feita de pó da terra e espírito de vida. Como poderíamos representar tal coisa? Talvez possamos dizer que somos como um tecido dobrado. Pela dobra o tecido se encontra consigo mesmo, uma ponta com a outra; e assim, dobrados, podemos olhar nossas faces no espelho, e esse fato curioso acontece: o olho atenta para a face, e vê a alma nela; e a alma olha pelos olhos, e sabe que aquela face é sua.

Difícil? Talvez seja melhor usar uma feliz expressão de Paulo: o “homem interior” e o “homem exterior”. Essa é, sem dúvida, uma boa imagem da coisa toda. Tenho um “dentro” e um “fora”; uma “superfície” e uma “profundidade”. Na profundidade está o meu centro -- o coração; e na superfície, torna-se patente o que o coração é. Sim, Paulo não inventou isso; a ideia é muito mais antiga: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Na antropologia bíblica, o homem tem um centro; um “self” no qual tudo o que ele é está concentrado. Poderíamos dizer que o corpo é o coração patente, e o coração o corpo latente.

Vou estender um bocadinho a metáfora e apontar algo que, creio, ela implica: que há uma espécie de “distância” natural entre “eu” e “eu”; mais precisamente, entre a minha autoconsciência, e o meu corpo. A distância entre o interior e o exterior faz com que haja um “atraso” entre os dois. Às vezes o interior é de um jeito, e o exterior de outro. A mudança de um não implica uma resposta imediata do outro. E podemos até colocar um contra o outro, pasmem!

Ora, os exemplos disso não faltam. O hipócrita é de um jeito por dentro, e de outro por fora. O homem vê o exterior, mas o Senhor vê o coração (1Sm 16.7). Tem gente feia por dentro e bonita por fora, feia por fora e bonita por dentro. “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero esse faço”, disse o velho rabi. Já me imaginei tocando piano de um jeito, mas constatei no último domingo que minhas mãos não me obedecem. Quero chorar, mas dou um sorriso para despistar. E, se a minha “casa” se desfizer, há outra para mim, “reservada nos céus” (2Co 5.1).

Em princípio, esse “atraso” é bom. Ele faz com que, de certo modo, possamos ser e não ser ao mesmo tempo. É algo como a diferença de potencial ou tensão entre dos fios elétricos; justamente essa diferença faz surgir a corrente elétrica. A tensão entre o homem interior e o homem exterior faz a gente ter “dinâmica”. Precisamos nos tornar conscientes do que somos e exercitar a vontade para harmonizar o dentro e o fora. Desse modo, a consistência deixa de ser algo dado, para ser objeto de conquista. Será preciso escolher ser consistente -- escolher ser uma pessoa integrada.

Dentro sem fora e fora sem dentro?

E aqui, como sempre, temos que falar do pecado. Por causa da queda do homem e de seu afastamento de Deus criou-se, mais do que um descompasso, uma ruptura entre o dentro e o fora. A ponto de “o pó voltar para a terra, e o espírito voltar para Deus, que o deu”. Cada homem, por causa do pecado, vive morrendo; vive o processo de ser lentamente rasgado, até que a corrente “elétrica” cesse dentro de si. E a característica dessa ruptura final é a perda do corpo, a sua superfície. Isso é o que significa a morte: não há mais imagem; não há mais uma face com músculos para mostrar o sorriso da alma.

Claramente, se nos damos conta dessa distância, compreenderemos que a morte é o que se mostra no alargamento dessa distância. É mortal tudo aquilo que me impede de ser consistente, de manter a conexão entre o interno e o externo. Todo conceito, decisão ou processo que produz a inconsistência é mortal; tudo o que promove a independência da alma em relação ao corpo, ou do corpo em relação à alma, é mortal.

Mortal é a filosofia de Descartes. Pois ele estabeleceu a razão como critério absoluto da verdade, e por isso duvidou de tudo o que não pudesse demonstrar racionalmente. Por isso duvidou até da existência do seu corpo, a “res extensa”, e identificou o seu ego com o pensamento, a “res cogitans”: “Penso, logo existo”. Daí pra frente, demonstrar como a alma racional se relaciona com o corpo virou um problemão. O pensamento ocidental permaneceu oscilando entre dois extremos: diminuir o corpo material (idealismo), ou negar a existência da alma (empirismo Humeano), dissolvendo-a no corpo.

A última opção anda bem popular hoje em dia. Mortal é o pensamento de Daniel Dennett, que considera a liberdade uma ilusão criada pelo cérebro, o qual não passaria de uma máquina bioquímica. Mortal é o pensamento do grande Claude Levi-Strauss, que aguardava ansiosamente pela aniquilação definitiva das ideias de “eu”, “self” ou “alma”, a partir de uma espécie de materialismo racionalista. Deve ter sido uma decepção para ele descobrir-se tendo um eu sem corpo -- o que é a sua condição atual desde o fim de outubro.

Assim, dentro da filosofia, se traça um suicídio do humano, negando-se a distinção entre o dentro e o fora, ou esticando-se a conexão até a ruptura -- tudo sempre em nome de uma superação do dualismo. Mas não se pode confundir dualidade com dualismo. Mortal é a destruição da dualidade.

Da filosofia para o sexo

Antes que o leitor desista de esperar, vou dizer logo o que isso tudo tem que ver com sexo, e com impureza sexual. Alguns leitores mais atentos provavelmente já pegaram a pista. É que há uma relação interna entre a nossa ética sexual contemporânea e a ruptura da dualidade fora/dentro, consciência/corpo.

O que os modernos pensam a respeito do homem é que ele deve ser livre. É preciso promover a liberdade humana nas artes, no pensamento, na política, e na sexualidade. E a liberdade significa a indeterminação, ou o arbítrio. Fala-se às vezes, devo conceder, em “autonomia” no sentido de que o homem deve “dar a si mesmo a lei universal”; mas essa ideia de autonomia, inventada por Kant, perdeu a legitimidade com a crise de fundamentação da modernidade, e prevalece cada vez mais a versão Nietzschiana de autonomia, segundo a qual a vontade de poder e a decisão individual criam “ex nihilo” a lei que o homem dará a si mesmo. A “liberdade” no mundo pós-moderno é a liberdade Nietzschiana.

Converteu-se, portanto, a liberdade, em liberdade para comprar e consumir produtos, liberdade para não ter posicionamentos políticos definidos, liberdade de criar a própria religião, ou de pertencer a todas e a nenhuma, de não ser de ninguém, para ser de todo mundo e todo mundo ser meu também. Campeãs nisso são as empresas de telefonia, garantindo que, se comprarmos seus produtos, teremos muito mais liberdade e viveremos num mundo “sem fronteiras”.

Com a necessidade de abrir espaços para o exercício da liberdade arbitrária, o corpo humano tornou-se a vítima imediata. Pois o corpo é o que está mais próximo do eu. Instrumentalizar o corpo para aumentar a liberdade de escolha interessa ao eu, quando este anseia por livrar-se de limitações rígidas, e interessa ao sistema, que precisa ampliar seus mercados. É claro que uma ética sexual que limite a exploração do prazer por meio do corpo constituirá um sério obstáculo ao crescimento da liberdade humana, desse ponto de vista libertário.

E foi assim que teve início a grilagem sexual e o loteamento comercial do corpo, da filosofia moderna com seu incontrolável impulso libertário-prometeico, para a dissolução de todos os valores, hábitos e estruturas sociais que impliquem o cerceamento da liberdade do prazer na sociedade contemporânea.

Daí o corpo vai virando esse campo de experimentação da liberdade: ele deve ser pintado, tatuado, cirurgicamente modificado; perfurado, dobrado, bombado, e cyborgificado; sua cor pode ser modificada, e todos os seus buracos deveriam ser experimentados, mas sempre ao gosto do cliente; se minha alma tem um sexo diferente, então o corpo será trocado; se ainda não pode ser trocado, será mutilado; se está grávido de um feto indesejado, será libertado; pois há que se preservar o absoluto e arbitrário domínio do indivíduo sobre o seu próprio corpo.

Civilizar a desonra

Ora, muitos dirão que isso é uma apropriação mais madura do corpo; que as pessoas hoje em dia têm mais liberdade para se expressar com o corpo e possuí-lo. Eu digo que não. Só um espírito vencido aceitaria explicação tão sonsa.

Pois é claro como o dia que todos esses usos do corpo são instrumentais. São idênticos, no conjunto, aos usos que fazemos da natureza, derrubando florestas naturais e plantando capim ou reflorestando com eucaliptos; ou queimando combustíveis fósseis em excesso, destruindo nascentes e emporcalhando os litorais. Façamos um exercício de autocrítica: a sociedade autoconsciente pode ser comparada a uma “alma”, incorporada em um “corpo” biofísico, que é a biosfera. Ora, não é verdade que, para aumentar a liberdade humana (de consumir produtos, basicamente), estamos estuprando o meio ambiente? Não há uma relação interna entre o impulso libertário da cultura moderna e a violência?

Pois então compreendamos, e vou dizer sem meias palavras, o que está por trás da presente cultura da “pegação”, da liberação sexual, da criminalização da crítica ao homossexualismo, do aborto, do poliamorismo, e de coisas ainda mais estranhas: nada menos que o estupro do corpo, perpetrado pelo próprio “self”. A violência do eu externo pelo eu interno.

O estupro é a violência de fonte biológica; a violência para assegurar o prazer, o sentido de domínio, e a propagação da carga genética. No mundo humano, o estupro literal é a manifestação sexual de uma pulsão de violência que se manifesta em outros níveis, como no do Estado totalitário, da intolerância religiosa, da guerra (se você duvida, preste atenção nesses grafites de banheiros universitários: porque a violência e o insulto aparecem associados ao sexo?). É claro que a sociedade moderna precisaria canalizar essas forças de algum modo -- e isso é o que está por trás do discurso sobre “aumento da liberdade” dos modernos. O fato é que a forma mais eficiente de manipulação técnica do desejo humano encontrada pelos modernos foi a cultura do consumo, da qual a liberação sexual é uma parte essencial.

Não seria aceitável, no entanto, que as pessoas se estuprassem mutuamente com uso direto de violência. Seria preciso, para canalizar os impulsos de prazer e violência dos indivíduos, facilitar o acesso ao corpo (a natureza a ser explorada e consumida) e modificar a vontade moral dos indivíduos. Enfim: não dissolver o desejo do estupro (de usar sexualmente o outro), mas dissolver a resistência do indivíduo à instrumentalização do seu corpo. Em outras palavras, seria necessário civilizar essa instrumentalização do corpo, civilizar o estupro. Mas como é que isso se pode implementar?

É aqui que chegamos ao verdadeiro coração do problema.

Ora, se estupro o meu corpo, não posso ter uma relação demasiado íntima com ele. Não posso tratá-lo como o meu eu, ou como parte do meu eu, se vou explorá-lo indiscriminadamente. A solução é tratar o próprio corpo como expressão apenas contingente do eu, desonrando-o. Assim o indivíduo poderá dar livremente o seu corpo, sem entregar a sua alma juntamente com ele. Homens e mulheres podem oferecer seus corpos, instrumentalizá-los, e utilizá-los como quiserem; não há mais perversão sexual, pois não se pode julgar o caráter de alguém pela forma como ele faz sexo; pois o caráter do indivíduo -- acredita-se -- nada tem que ver com o seu uso do corpo. Enfim: o corpo não sou eu; o corpo é “meu”. A desonra é, assim, a morte espiritual; é a entrega do corpo ao fogo.

Note-se a relação e distinção entre o estupro e a desonra: esta última tem a ver com o símbolo. Desonra-se uma nação pisando-se a sua bandeira, que é o seu símbolo. Desonra-se igualmente a pessoa (o interno) banalizando o seu símbolo visível (o externo).

Assim como, para abusar da natureza, o homem moderno precisou construir uma imagem da cultura como algo “fora” da natureza, como se ele estivesse muito além dela, o libertinismo sexual se torna psicologicamente viável pelo desligamento moral entre eu e corpo. Esse desligamento é evidente no discurso de que o uso sexual dado ao corpo não é importante, desde que traga prazer e aumente a liberdade do indivíduo.

Ocorre, no entanto, que tal separação não pode ser feita. Há um atraso entre interno e externo, mas não uma separação absoluta. Em última instância, aquilo que o homem faz com o seu corpo, faz a si mesmo. O corpo é o símbolo visível do coração. Portanto, a separação psicológica feita pelo homem ao usar seu corpo como instrumento externo de prazer é uma separação ilusória, completamente falsa. O atraso entre o interno e o externo torna possível que o interno estupre a si mesmo, como se não fosse a si mesmo, mas a um outro. Mas o outro (o corpo) ainda é o si mesmo. Ao estuprar o seu corpo, o homem estupra a si mesmo. Ao desonrar o seu corpo, o homem não pode amar a si mesmo.

Além disso, na medida em que estupra a si mesmo o indivíduo não tem mais porque resistir ao estupro do outro; se um corpo humano é instrumentalizado, todos o são igualmente por um princípio de reciprocidade (exatamente da mesma forma como o amor a mim mesmo e o amor ao próximo estão unidos). A afirmação da liberdade humana passa a equivaler assim à instrumentalização generalizada do corpo, com o desenvolvimento de uma nova ética sexual pública (sim, exatamente como o faz atualmente o Estado brasileiro), que pretende plausibilizar a distinção entre pessoa e seu corpo sexual policiando questionamentos públicos dessa distinção (do que a PLC 122/06 é apenas um exemplo). A ética sexual secular é a ética da desonra.

Impureza sexual e desonra na Bíblia
Ora, o que descrevemos acima é o que Paulo diz em Romanos 1. 24-27: que os homens rejeitaram o conhecimento de Deus e foram por isso entregues às concupiscências do seu coração, “para desonrarem os seus corpos entre si”, mudando o modo de suas relações íntimas, praticando coisas contra a natureza etc. Não é por acaso que o apóstolo associa a concupiscência à desonra do próprio corpo e do corpo do outro. É que a concupiscência leva ao desamor; cessa o amor por mim mesmo e pelo meu próximo, e o fim do amor aparece em nossa relação com o símbolo da alma, que é o corpo. A impureza sexual traz dentro de si o desprezo do indivíduo por si mesmo e pelo seu próximo.

É Paulo quem diz de novo: “Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo” (1Co 6.18).

Graças a Deus por um verso tão claro: a impureza sexual é o pecado do homem contra si mesmo; é a contradição, a desonra do próprio corpo, que deixa de ser tratado como o santuário de Deus, destinado à ressurreição dos mortos. Pois a impureza trata o corpo como um instrumento descartável, como alguns crentes helenistas faziam: “Os alimentos são para o estômago, e o estômago para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele”. Em outras palavras, “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”. Não há futuro para o corpo; ele é só uma ferramenta temporária. Por isso alguns dos Coríntios até perderam a fé na ressurreição (1Co 15). Por trás da desonra do corpo está o desespero.

Paulo prossegue, afirmando que aquele que se une à prostituta é uma só carne com ela, e o que se une ao Senhor é um espírito com ele; e que não podemos tornar os membros de Cristo membros de uma meretriz. Ora, tudo isso implica que o corpo não pode ser concebido à parte do eu. O seu destino é o mesmo do eu; as suas relações são as mesmas do eu. Se dou meu corpo à meretriz, dei-lhe também minha alma; se dou a Cristo a minha alma, dei-lhe também o meu corpo. Para Paulo, o hebreu, era inconcebível imaginar que o corpo pudesse ser empregado de qualquer jeito, impunemente, segundo o delírio dos gnósticos. Amar a Deus, amar ao próximo, amar a si -- tudo isso implica honrar o corpo: “Que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador” (1Ts 4.4-6).

O ensino não permanece consistente? O corpo deve ser honrado; ceder à lascívia é desonra; usar o corpo do outro é desonrá-lo, defraudá-lo reduzindo seu valor. Desonrar o corpo é matar e morrer; é tentar separar o interno e o externo, mas destruir ambos.

Da desonra à consistência através da esperança

O que me impressiona é que o remédio de Paulo para a impureza-desonra do corpo seja escatológico. Ele poderia ter prescrito chás, banhos frios, ou quem sabe uma boa terapia, mas em vez disso lança sobre os pobres fornicadores de Corinto um petardo teológico: “O corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (1Co 6.14).

De que modo a ressurreição é uma resposta? Em primeiro lugar, ela é o inverso da desonra do corpo; é a honraria absoluta. Ela significa que o corpo tem um valor singular e eterno -- pois se destina ao próprio Senhor. A doutrina da ressurreição nos diz que o prêmio máximo para o eu é a vitalidade eterna do seu corpo; que a vida espiritual que habita no homem interior finalmente brilhará -- embora, como dissemos, com algum atraso -- através do homem exterior. Portanto, vale a pena amar o corpo e honrá-lo.

Ora, isso é o que chamamos antes de consistência ou integridade. No núcleo da ética sexual cristã deve estar a seguinte doutrina: que o corpo não deve ser o que a alma não pode ser. O corpo e a alma devem estar juntos, e o corpo deve se tornar transparente ao espírito. Ou seja, não posso ser no corpo o que não puder ser no coração. Meu corpo deve se tornar translúcido em minhas relações com o meu próximo. Minha face não pode ser uma máscara a ocultar minhas intenções, mas uma janela para meu homem interior; meu corpo deve ser amado e honrado -- seja ele alto ou baixo, novo ou velho, bonito ou feio, gordo ou magro -- porque o seu valor é o valor da minha alma. Ele é o símbolo, a parte visível daquilo que tem valor incondicional. Devo unir-me ao meu corpo, de modo que o meu coração fique à flor da pele.
Por isso, não posso me relacionar sexualmente com alguém se não puder entregar a minha alma na mesma proporção. Se amo a Deus, amo a mim mesmo. Se amo a mim mesmo, amo ao meu corpo, que é a superfície visível do que eu amo. E se compreendo a natureza do corpo, compreendo que o amor ao próximo é mediado pela sacralidade do seu corpo, e que o seu amor por mim é mediado pela sacralidade do meu próprio corpo. Quem quer instrumentalizar o corpo do outro não o ama, nem se ama; quem aceita ser desonrado pelo outro também não se ama.

E a esperança? É aquilo que abre meus olhos para o valor do meu corpo, e para o desejo de ser consistente.

Se alguém não consegue reconhecer sua própria dignidade, nem pode ver valor em ser consistente, é porque lhe falta a esperança. Ele só vê a morte diante de si. Todo homem que defende a libertinagem sexual só vê a morte diante de si, pois é o desespero o que arranca do homem a integridade e o faz entregar o corpo ao prazer impuro.

Por isso Paulo deu aquela resposta escatológica: “Lembre-se da ressurreição”! Ela é a certeza de que o seu corpo tem valor e deve ser amado, e que o seu corpo e a sua alma não devem ser separados, pois foram feitos um para o outro -- ou melhor, eles foram feitos para ser um só.

E que outra coisa poderia ser a “pureza sexual”?

Não é essa a pureza das crianças?

FONTE: guilhermedecarvalho.blogspot.com

domingo, 13 de dezembro de 2009

Impureza Sexual: Tem Cura?

Outro dia tive uma conversa estimulante mas também algo abaladora com um pastor, no final de uma palestra sobre educação. Na palestra eu havia mencionado um princípio do pensamento reformacional - a idéia de que não há contradições estruturais na ordem criada. Assim não há contradição essencial entre, por exemplo, a esfera da justiça e a da moral, ou entre a esfera estética e a esfera da fé, e assim por diante. Mas uma das minhas alegações fez acender luzinhas no painel dos presentes, incluindo no do amigo pastor: a de que não haveria contradição estrutural entre as esferas biológica e psíquica e a esfera moral.

Ao término da exposição ele reagiu prontamente com uma questão muitíssimo prática: a tentação sexual: "há pouco eu aconselhei um homem envolvido em adultério. O casal está aos poucos se refazendo, e a esposa está disposta a perdoar; quanto ao marido, ele deixou claro para mim que amava a sua esposa. Ele simplesmente foi fraco e caiu. Não lhe faltava amor; faltava-lhe forças para resistir à tentação sexual. Mas isso não implica em uma contradição entre o nível biológico e o nível moral?"

Sem dúvida, as impressões do pastor refletiam um lugar-comum da imaginação evangélica: a tentação seria uma fraqueza interna ao campo sexual, a ser vencida por meio de uma resistência ao desejo sexual, seja por uma intervenção diretamente biológica (arrancar os olhos, ou outra coisa, eventualmente) ou por uma equilibração psíquica. De um modo ou de outro, espera-se que o desejo sexual distorcido seja controlado. Mas se, enfim, perdemos o controle, é porque falta disciplina no trato com o desejo. Precisamos disciplinar o corpo, basicamente; dobrá-lo pela supressão do desejo.

Pois bem; essa é uma das mais falsas verdades que os cristãos gostamos de espalhar. É uma verdade, sim, que o corpo deve ser disciplinado, e o desejo controlado; não é o "domínio próprio" um fruto do Espírito? Entretanto, é uma baita falsidade que possamos controlar os desejos assim mecanicamente, ou mesmo "cirurgicamente".

Imagine o mundo sem o pecado

Façamos alguns exercícios de imaginação cristã; imaginemos o mundo sem pecado. Nesse paraíso, Adão tem desejos de todos os tipos, incluindo os desejos sexuais. Esses desejos tem uma base instintiva biopsíquica, e são acionados automaticamente por sinais óbvios: a forma do corpo da fêmea, certas cores, certos cheiros, etc. Adão está sujeito a tais estímulos exatamente como qualquer outro macho de sua espécie, sendo que sua sexualidade, nesse nível, tem forte analogia com a de outros animais.

Mas Adão não é apenas um animal, feito de pó como todos os outros. Adão é o pó com o sopro divino, é o portador da imagem de Deus. De algum modo essa imagem está impressa no mesmo pó do qual as outras criaturas foram feitas, e entre as características particulares que Adão apresenta está a sua função moral. Adão é capaz de um altruísmo perfeito, muito além do altruísmo de cães e golfinhos. Ele é capaz de amar de forma pura, reconhecendo na forma da fêmea não um corpo adequado ao acasalamento, mas a superfície material de uma pessoa; não como mero objeto, mas como evento dotado de profundidade pessoal, como um Tu que precisa ser amado incondicionalmente por meio do trato que se dispensará ao seu corpo.

Teríamos aqui uma contradição estrutural? Haveria aqui um choque da dinâmica biopsíquica contra a dinâmica moral? Penso que temos excelentes razões para crer que não; não apenas razões teológicas (tudo o que Deus criou é bom) mas também filosóficas. Vou lançar mão aqui da noção de sobredeterminação utilizada em ontologia (a teoria sobre a natureza da realidade). O conceito não é muito complicado, mas exige alguma atenção.

Sobredeterminações ontológicas

A idéia de sobredeterminação ontológica é a idéia de que a dinâmica própria de um nível superior da realidade não contradiz, mas sobredetermina a dinâmica de um nível inferior. Um exemplo clássico disso é a relação entre a dinâmica biótica seus processos químicos subjacentes. A matéria, como se sabe, se associa ou se desassocia segundo leis físico-químicas, e essas leis por si mesmas não produzem seres vivos. Por outro lado, seres vivos apresentam processos exclusivos em relação aos seres inanimados; processos como a reprodução, o metabolismo, e a conservação de informação complexa.

Naturalmente, para realizar todos estes processos, os seres vivos dependem de processos físico-químicos, que seguem leis físico-químicas. Mas se as moléculas que compõe a estrutura de uma célula viva apenas obedecessem a leis físico-químicas, ela se desfaria. As moléculas da célula obedecem às leis físico-químicas dentro de restrições e especificações impostas pela dinâmica biológica do organismo, segundo modos absolutamente improváveis, de um ponto de vista puramente químico. Quando as moléculas da célula seguem apenas as leis físico-químicas, sem nenhum controle biótico, ela se desfaz - porque, obviamente, ela está morta. Dizemos, portanto, que há na célula uma sobredeterminação das leis bióticas sobre as leis físicas.

A sobredeterminação moral

Ora, o mesmo vale para outros níveis da realidade. Há uma sobredeterminação psíquica sobre os processos biológicos do ser humano; e uma sobredeterminação sociológica sobre processos psíquicos; e no final da escala, uma sobredeterminação religiosa e moral sobre todos os níveis estruturais do ser humano. As normas de um nível superior de função humana não contradizem as normas do nível inferior, mas lhe dão formas particulares, habilitando-as a existirem no nível superior. Pense nas moléculas da célula: pela "obediência" às leis bióticas, elas deixam de ser apenas "matéria", e se tornam parte de um ser vivo.

Ora, o que queremos dizer com isso é que é preciso ser um animal para ser um homem; no entanto essa é uma condição "necessária mas não suficiente". A vontade moral e a capacidade humana de amar opera por meio de sua estrutura sexual, mas a transcende, elevando o corpo do homem à condição de espírito, de pessoa. Mas assim como a célula pode morrer entregando suas moléculas às leis brutas do mundo físico-químico, o homem pode morrer moralmente entregando o seu corpo aos estímulos biopsíquicos. O humano no homem pode ser negado e perdido por falta de vontade.

Onde se localiza, então, a falha da impureza sexual? Não no nível sexual, seja em seus aspecto biológico ou psíquico, mas no nível moral. Quando pecamos por impureza sexual, não pecamos por excesso de sexualidade, por excesso de desejo sexual, ou por excesso de estímulo sexual (primariamente falando), mas por falta, por ausência. E aqui estamos simplesmente sendo Agostinianos: o pecado é a privação do bem. O problema da impureza é a ausência moral, não o excesso sexual.

Um Truísmo?

Estaríamos nós dizendo o óbvio? Sim e não. Sim porque isso é simplesmente o que as Escrituras e a tradição ensinam. Não porque isso não é de modo algum a teologia moral popular no meio cristão. Pensemos na conversa com o pastor, que mencionamos acima. Ele afirmou com grande convicção que o marido traidor, no fundo, amava a sua esposa. Ele caiu por ser fraco, não por falhar no amor.

À luz do que acabamos de considerar, no entanto, eu diria que não. Com certeza, o marido traidor amava a sua esposa; mas ele não a amava o suficiente. Na verdade, ele não caiu por fraqueza sexual (ou excesso de desejo sexual), mas por falta de amor. Não foi isso o que nos disse o Apóstolo? "O amor não faz mal ao próximo". Jesus não caiu e não cairia nessa tentação, não porque não tivesse os mesmos desejos sexuais, mas porque ele saberia olhar para cada pessoa envolvida com amor de verdade.

Sejamos específicos: aquele que adultera deixa de amar à sua esposa e de considerá-la como pessoa de valor infinito. E deixa também de amar à sua "amante", tratando-a egoisticamente. Aquele que procura a prostituição, seja ela real ou virtual, não ama aqueles que estão escravizados ao mercado sexual, e tampouco ama a si mesmo; pois se sujeita a ser manipulado e explorado por indivíduos que não tem um pingo de respeito ou preocupação com o seu destino, desde que esvaziem os seus bolsos.

De modo algum eu pretendo dizer com este argumento que não exista o vício sexual; mas sustento que até mesmo o vício tem os seus começos na falta de amor genuíno pelo outro. Todo aquele que sofre com a impureza sexual deve saber, e dizer para si mesmo claramente, que ele não é um pobre coitado, aprisionado por impulsos sexuais e por uma dinâmica biopsíquica ultimamente má inventada por um Criador maldoso. Mil vezes não. A concupiscência existe, sim; mas é uma erva danina. Ela só cresce quando o amor está ausente. E quando ele está presente, alguma coisa forçosamente mudará. É por isso que Santo Agostinho pôde declarar com tanta confiança: "ama e faze o que quiseres".

Problemas oftalmológicos

De acordo com Jesus, a impureza é uma doença dos olhos, de certo modo; um problema oftalmológico, mas altamente infeccioso, a ponto de ele receitar a amputação: "se o teu olho de faz tropeçar, arranca-o". Mas Jesus sabia o que dizia. Ele deixou claro que o que contamina o homem é o que sai do seu coração, não o que entra pela sua boca. A doutrina da "amputação" é uma referência metafórica à mudança dos olhos.

O ser humano tem sérios problemas com os olhos. E eu quero chamar a atenção dos meus companheiros, os homens. Recentemente recebeu alguma cobertura o resultado de uma pesquisa feita na universidade de Princeton, sobre os padrões de resposta neurológica de homens diante de imagens de mulheres. O que Susan Fiske, a diretora da pesquisa descobriu, é que as imagens de mulheres com teor erótico ou sensual, e especialmente as imagens de partes específicas do corpo sem a revelação da face, despertam as mesmas áreas do cérebro masculino tipicamente associadas ao uso de ferramentas e objetos inanimados, ao mesmo tempo em que desativam as partes associadas às relações sociais.

Ou seja, de algum modo a nossa sociedade desenvolveu uma forma de desassociar o interesse sexual da sensibilidade moral a partir da nossa forma de olhar as mulheres. Fomos literalmente submetidos a um maciço treinamento pavloviano para nos acostumarmos a olhar mulheres como objetos, como superfícies materiais sem profundidade pessoal. Nas palavras de Susan Fiske, "eles não as estão tratando como seres humanos tridimensionais".

Isso é o que acontece quando suprimimos a nossa intuição moral e deixamos de ver pessoas diante de nós. Restam apenas corpos impessoais.

Olhar com Amor

Como, então, o amor se manifesta, no que tange à impureza sexual? De novo quero apelar para Paulo: "Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza." (1Tm 5.1).

Paulo sabia muito bem o que estava dizendo. Ninguém pode alegar (a não ser, é claro, em casos evidentemente patológicos) que não sabe o que significa olhar para uma mulher linda e não cobiçar. Basta ter mãe ou irmã - ou filha, eu diria. Todos nós sabemos muito bem o que é olhar alguém que, biologicamente falando, poderia ser apenas um objeto sexual, mas simplesmente não sentir interesse sexual por causa do amor, de uma relação de respeito e cuidado em que o outro é verdadeiramente reconhecido como pessoa e valorizado incondicionalmente. O amor faz a gente ter um olhar diferente.

Como é que o jovem Timóteo olharia para uma moça com "toda a pureza"? Olhando-a como se fosse uma irmã de sangue. Paulo nos convida aqui a usar a imaginação, e considerar as moças como se fossem irmãs. Ou seja, tomando-as como pessoas, não como objetos. Isso demandará uma revolução, nos dias de hoje, em que somos ensinados a enxergar os corpos humanos como bonecos de plástico. Jovens e adultos, homens e mulheres, olhando para seus pares, amigos e semelhantes como pessoas - não como nacos de carne, como pernas, bundas e peitos, mas como gente, como humanos com faces, como superfícies físicas de pessoas reais.

Honestamente, preciso dizer a todos os meus companheiros pecadores que não há uma cura completa para essas doenças do olhar, até que a nossa ressurreição seja consumada. Mas há o que Schaeffer chamava de "cura substancial". A impureza no olhar tem cura de verdade, embora seja um caminho difícil; pois amar de verdade é ainda mais difícil que reprimir desejos.

Mas, enfim, não há vitória na "pureza" obtida à custa de repressão do desejo. É inútil congelar uma célula morta para que ela não se desfaça. A única solução genuína e de longo prazo para o problema da impureza sexual é ter amor nos olhos.

Parodiando Santo Agostinho, eu diria: "ama e olha como quiseres".


FONTE: guilhermedecarvalho.blogspot.com

sábado, 12 de dezembro de 2009

Covardes, calados.

É impressionante o número de pessoas que defende os profetas da prosperidade. Basta você postar algo sobre eles e o batalhão ultra fundamentalista entra em ação. Escrevi sobe o Malafaia e seus milhões arrecadados com a venda da Bíblia de R$900,00, neguinho só faltou me matar.

As defesas são as mais sem contexto que eles poderiam arrumar. "Não toque no ungido hein", "Cuidado com a língua", "não podemos criticar o ministério alheio", teve até gente falando que esses caras ajudam a gente a exercitar nossa fé!

Por favor, desculpem-me a maioria esmagadora dos leitores do blog que não precisaria ler isso, mas por conta da enxurrada de besteiras que tenho visto preciso me manifestar. Posso até estar correndo o risco de perder leitores com essa declaração, mas creio que João Batista, o apóstolo Paulo, Elias o profeta fariam o mesmo, sem medo de perder meia dúzia de seguidores. Prefiro fidelizar quem zela pelo evangelho puro, do que ficar agradando um bando de covardes que não tem o mínimo crivo bíblico para enxergar o mal irreparável que esses caras que se dizem pastores e missionários fizeram a igreja brasileira.

Portanto, pra você que defende a venda da Bíblia da unção financeira, pra você que adora a campanha da fogueira santa, pra você que acha normal um bando de pastores se reunir para bolar estratégias para limpar o bolso do povo, contando dinheiro em reuniões e rindo da cara do pobre, pra você que apoia até morrer gente criminosa que esconde dinheiro em Bíblias pra não ser flagrado pela federal e muitas outras peripécias vai aqui meu desabafo: "Bando de covardes é o que vocês são. Um grande bando de covardes."

Não me venham dizer frases como: "Seu coração está cheio de rancor" e etc, porque estou plenamente calmo e livre para escrever o que estou escrevendo, apenas percebi que vocês que são alcoviteiros desses aí, precisam acordar e enxergar que não dá mais pra investir em quem não prega o evangelho do Reino, a esses o póstolo Paulo escreveu o seguinte: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." e prossegue no verso seguinte dizendo: "Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema."

Se algum de vocês ainda tem dúvida de que esses caras estão pregando outro evangelho, me desculpem mas está faltando leitura bíblica pra esse. E façam um favor ao mundo, calem a boca! Vocês estão trocando a maravilhosa oportunidade de ficarem calados pela engenhosa arte de falar besteiras sem tamanho. Então, façam um favor a humanidade, fiquem quietos.

E no mais, tudo na mais santa paz!

Marcio de Souza [marciodesouza.blogspot.com]

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ninguém aguenta gente chata!

Por Ariovaldo Jr ⋅ 9 de novembro de 2009

Imagine um culto com todas as suas firulas. A variabilidade daquilo que as pessoas são capazes de imaginar não é algo muito surpreendente. E o que eu me pergunto constantemente é: DE QUEM É A CULPA?

Hoje, aproveitando que não estava fazendo nada, fiz alguns testes de vídeo, sozinho em casa. Estou tentando gravar algumas idéias com imagens por que já percebi que há um público cada vez maior nesta nova geração que é avesso à leitura de qualquer coisa com mais de 140 caracteres. Como eu não levo jeito pra ser escritor de provérbios, me sinto na obrigação de rebolar um pouco para encontrar um canal viável de comunicação.

A maior parte das pessoas odeia ouvir ou ver a si mesmo em algum tipo de gravação. Mas este recurso pode ser revelador para aqueles que pretendem descobrir porque tem dificuldade de encontrar pessoas que se sintam motivadas com suas conversas mais triviais.

Pode-se culpar um inexistente “espírito de desatenção” pela falta de atenção das pessoas em uma palestra. Pode-se culpar o diabo em pessoa. Mas tudo isto é tampar o sol com a peneira. É preciso um pouco de humildade para perceber que todos os elementos da vivência coletiva devem necessariamente ser inspiradores.

Não importa ter bons músicos numa igreja. Nem tampouco ser o “ás” da oratória, hermenêutica e retórica. Nas ruas, onde as pessoas de verdade vivem, o carisma fala mais alto que qualquer outra habilidade.

Se não há quem ouça a pregação, a culpa é sua!
Se o evangelho em sua vida está desinteressante, então transforme-se.
Ninguém aguenta gente chata. Ninguém aguenta mais você.

Quero todos os dias de minha vida um culto inspirador, com adoração inspiradora, palavras inspiradoras e SINCERIDADE que inspire sem a necessidade de explicações.

sábado, 5 de dezembro de 2009

PARA QUANDO ESTIVERES NA CASA DE ORAÇÃO

Gióia Júnior

Fecha agora os lábios teus
Para os vários interesses-
Nesta casa habita Deus,
Principia tuas preces...

Haja um silêncio profundo,
Nova luz fulgura aqui...
Fecha os olhos para o mundo,
Vê que Deus reside em ti...

São preciosos os momentos
Nesse lar de paz e amor...
Doma os torpes pensamentos
Que te afastam do Senhor.

Que solene majestade
Nesta casa de oração:
A clareza da verdade
E a verdade do perdão!

Ouve a voz de Deus, imensa,
Poderosa, fica em pé...
Abre os olhos – para a crença
E os ouvidos - para a fé!

Do passado esquece tudo,
Vive a santa devoção...
Se Deus fala – fica mudo,
Se Ele escuta – fala então!!!

O MEDO É A FÉ NO AZAR!

O medo é um poder dos maiores que existem…

Sim, o medo opera como a fé em antítese...

Assim como pela fé todas as coisas se organizam em nosso favor, pelo medo todas as coisas se organizam de modo negativo contra nós...

Azar é o processo que o medo deflagra...

Sim, o azar é o medo em processo e sistematização...

Mais: o azar é a fé do medo...

Por isto se diz: “Aquilo que eu mais temia isso mesmo me sobreveio!”

Uma mente tomada de medo é uma usina de fantasmas, demônios e toda sorte de liberação de energia psíquica auto-destrutiva...

Poltergeist [Poltergeist - Wikipédia, a enciclopédia livre] é apenas uma manifestação do medo...

Sim, o medo humano é capaz de matar e de morrer...

Quem tem medo ainda não foi aperfeiçoado no amor, pois, no verdadeiro amor não existe medo...

O amor inocenta a vida em relação ao poder do medo!

Mas aquele que teme..., que anda culpado..., que aceitou a terror como vereda..., que deixou o medo ser o guia de sua alma... — esse entrou no túnel do azares e dos poderes auto-destrutivos...

Quando a mente entra no terror até Jesus vira fantasma!...

“É um fantasma!” — gritou Pedro no meio do medo...

Numa casa, quando há uma alma entregue às forças do azar, do medo sistêmico, e da culpa neurótica, o resultado sempre é que as coisas são jogadas pelos ares... ainda que não haja nenhum Poltergeist...

Sim, de súbito a vida começa a se tornar um caos, e tudo quanto se temia nos sobrevém...

Aquele, porém, que anda em fé, e que não teme mais nada, e que de nada se ocupa quanto ao morrer ou quanto ao encontro com a dor..., esse caminha livre, e, estranhamente, desse também os males fogem...

Creia nisto!

Não inventei nada...

Este é também ensino do Evangelho!



Nele, em Quem todo medo deve morrer,



Caio

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Minoria Diferente


“E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3)

E fácil ser honesto no mundo programado para a desonestidade? É fácil manter-se puro, num mundo poluído pela imoralidade e arrasado por filosofias existencialistas, que pregam e ensinam que tudo o que conta na vida é o “aqui e agora”?

A revista Vogue aumentou consideravelmente o número de seus leitores depois de uma grande campanha publicitária que declara: “Vogue é lida pela esmagadora minoria”. A mensagem transmitia a idéia de que o importante não era o número de leitores, mas a qualidades destes. Ser minoria não pe problema se a minoria se tornar esmagadora.

O que Jesus estava querendo dizer em Sua oração intercessória, é justamente que Seu povo sempre seria a minoria, mas devia ser uma minoria esmagadora, capaz de revolucionar o mundo, Uma minoria que não fosse contaminada, mas que “contaminasse”, que não fosse influenciada, mais que influenciasse.

Repetidas vezes Ele afirmou essa mensagem ao usar as figuras do sal, que sendo a minoria em meio aos elementos que formam uma comida, é capaz de mudar completamente o sabor dela. Outra vez usou a figura da luz, que sendo apenas um raio insignificante, pode romper o poder das trevas que reinam num quarto escuro.

A esmagadora minoria!

Não Te peço que os tires do mundo, mas que os mantenhas sempre “esmagadora minoria”, capaz de refletir o Meu caráter para os homens.
Todos conhecem a oração do grande pregador Carlos Spurgeon: “Dá-me doze homens, homens importunos, amantes de almas, que não temam coisa alguma senão o pecado, e não amem coisa alguma senão a Deus, e abalarei Londres de extremo a extremo”.

A esmagadora minoria de Gideão foi capaz de derrotar o inimigo. A esmagadora minoria dos cristãos primitivos foi capaz de levar o evangelho para todos os cantos do mundo conhecido daquele tempo.

Não tenha medo de formar parte da minoria, mas tenha certeza de que ela é “esmagadora”. Não tenha medo de que todos os seus colegas na faculdade saibam que você não fuma, não bebe e não usa drogas porque ama a Jesus. Não tenha vergonha de que todos os seus colegas de trabalho saibam que você não pode ter “aventuras” imorais porque ama a Jesus. Não sinta vergonha de ser honesto, de defender a virtude, de valorizar princípios, mesmo vivendo num mundo que o faz sentir-se na contramão da vida.

Faça de Jesus o centro de sua vida e permita que Ele viva em você as grandes virtudes do evangelho, sem falso moralismo, mas de maneira natural e autêntica.

FONTE: arrobajunior.com

A "igreja" que matou Jesus



A igreja que matou Jesus preferiu conviver com um marginal e assassino do que com Jesus.
A igreja que matou Jesus também matou os profetas.
A igreja que matou Jesus era religiosa.
A igreja que matou Jesus convivia com Ele, mas não o conhecia.
A igreja que matou Jesus era hipócrita.
A igreja que matou Jesus fazia do templo e da Palavra, comércio.
A igreja que matou Jesus envolveu-se com a política da época.
Na igreja que matou Jesus havia podres e sujeiras.
Na igreja que matou Jesus a última palavra era dos poderosos, os santos sumo sacerdotes.
Na igreja que matou Jesus a comunhão era fingida. O amor, discursivo.

Os religiosos da igreja que matou Jesus diziam-se santos, vestiam-se adequadamente, davam o dízimo, mas estavam prontos a apedrejar a pecadora.
A igreja que matou Jesus foi a igreja dos cidadãos da alta sociedade judaica, mas se assegurou de manter os marginalizados à margem.
A igreja que matou Jesus não frutificava.
Na igreja que matou Jesus havia muita reverência – aos homens – , mas poucos homens-referência.
Na igreja que matou Jesus vivia-se uma verdade inventada, dogmática.
Na igreja que matou Jesus a misericórdia tinha preço “$”.
A igreja que matou Jesus cumpria a Lei, mas desconhecia a Graça.
A igreja que matou Jesus ignorava Sua voz, mas orava em voz alta.
A igreja que matou Jesus tinha tanta convicção em suas verdades que o mataram.
A igreja que matou Jesus nem chegou a ser chamada de Igreja, mas ainda existe.
Você a conhece?

FONTE: ichtusgate.wordpress.com

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

WALK IN THEIR SHOES



Cerca de 100 milhões de cristãos são perseguidos só por andarem nos passos de Cristo. Apesar disso, a maioria das histórias é esquecida ou até ignorada.

O underground quer mudar essa realidade. WALK IN THEIR SHOES* é um movimento mundial para apresentar a realidade da Igreja Perseguida para milhares de jovens, e ajudá-los a se envolver com ela.

COMO SERIA ESTAR NO LUGAR DELES?

Uma vez encontramos Maaria, uma cristã paquistanesa. Ela tem um blog em inglês, no qual escreve sobre como é ser cristão em um país fechado ao evangelho (se quiser ler, clique aqui).

Contamos para Maaria sobre o WALK IN THEIR SHOES. Ela ficou maravilhada e fez a seguinte analogia: muitas vezes, os sapatos dos perseguidos estão sujos, rasgados. Às vezes, eles nem têm sapatos. Ou seja: eles estão sofrendo.

Colocar-se no lugar deles é sofrer junto, é sentir o que eles sentem, é se importar. Não é ignorar ou omitir a realidade por achar que seja muito dura ou triste. A Maaria nos pediu: “Por favor, contem para as igrejas em seus países o que realmente nós enfrentamos”.

PRONTO PARA DAR O PRIMEIRO PASSO?

Para concretizar nosso desejo de estar ao lado dos perseguidos, o primeiro passo será patrocinar um projeto da Portas Abertas Internacional junto a jovens universitários no Egito. O custo do projeto é de R$ 9.410,00 e a realização depende exclusivamente das ofertas arrecadadas entre os jovens brasileiros.

Mas não para por aí. Quando conseguirmos alcançar esse valor e ajudar os jovens no Egito, partiremos para o próximo projeto, que beneficiará irmãos de outros países. Existem muitos cristãos precisando de ajuda, e vamos fazer nossa parte.

Contribuindo para a campanha, você receberá um par de cadarços com as palavras WALK IN THEIR SHOES. Por quê? Justamente para que sempre que você olhe para os cadarços, se lembre dos cristãos perseguidos e se coloque no lugar deles, como se estivesse caminhando nos mesmos passos, passando pelos mesmos lugares e situações, lembrando-se de orar por eles e falar deles.

Faça sua doação aqui.

Para mais informações entre em contato com wits@portasabertas.org.br

* Essa expressão significa “colocar-se no lugar de outra pessoa”. O nome da campanha está em inglês por se tratar de uma campanha internacional.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O QUE MAIS FALTA A JESUS?

Paulo nos diz que a letra mata [mesmo que seja letra da Escritura…]; que o exercício que tenta ver mágica de revelação na exegese, é tolice [prova disso é o modo como ele “usa” as Escrituras do Antigo Testamento]; que qualquer “interpretação” que não seja via Encarnação, ou seja: centrada exclusivamente em Jesus — é engano religioso que presume ler tudo o que foi dito como “interpretação correta”...

Como poucos [...] Paulo entendeu que o Evangelho era Jesus e que Jesus era o Evangelho; e que tudo o mais que tivesse havido e sido escrito antes, como “Escritura”, agora, depois de Jesus, depois da Encarnação, depois de Emanuel: Deus conosco — teria que ser submetido ao espírito de Jesus, ao espírito do Evangelho; pois, na Velha Aliança se poderia invocar a Deus para que mandasse fogo do céu para consumir os adversários, mas, em Jesus, a mesma idéia antiga de “poder espiritual”, fora completamente banida, repreendida e abominada por Ele, que, ante tal proposta de piedade perversa [que eu chamo de peidade...] feita por João, apenas respondeu com a seguinte afirmação: “Vós não sabeis de que espírito sois!...”

“Toda Escritura é inspirada por Deus e apta para o ensino, a correção e a educação na justiça” — dizia Paulo; embora, ao assim dizer, não transferisse para as Escrituras nada além do poder de testemunhar Jesus, no que [...] e se [...] ela desse testemunho de Jesus; posto que para os apóstolos [e João declara isso], “o testemunho de Jesus era o espírito de toda a profecia”; ou seja: a finalidade de toda a Palavra escrita [...] era ser apenas, agora, testemunho da verdade dos fatos do encontro entre a humanidade e Deus, e, depois, entre os hebreus e Deus, e, ainda depois, acerca de Israel como nação e Deus como o Senhor das nações; e, agora, em Jesus, era o testemunho que não se poderia entender antes de haver Encarnação; por isto, para Paulo, Jesus era a Chave Hermenêutica para a compreensão das Escrituras...

Assim, em Jesus, se tem a separação nas Escrituras de tudo quanto fosse circunstancial, passageiro, cultural, histórico, necessário ao tempo, de um lado, e, de outro lado, tem-se o que é permanente, o que é definitivo, o que é eterno, o que é Evangelho antes da manifestação histórica do Evangelho...

Depois de Jesus a Bíblia é a coletânea de livros nos quais se pode encontrar o testemunho histórico/profético acerca de Jesus, mas não se tem nada além disso...

Por exemplo, depois de Jesus a leitura se inverteu... Já não se lê as Escrituras em busca do Messias, mas, a partir do Messias se lê o todo das Escrituras; visto que, depois de Jesus, tudo quanto não seja Evangelho segundo o espírito de Jesus, ainda que esteja escrito na Bíblia, caiu [...], segundo Paulo e o escritor de Hebreus [...], em estado de obsolescência e caducidade...

Sim, Jesus é tudo; e quem não considere Jesus assim [...], ainda não entrou no reino do entendimento segundo Deus.

Este é um fato ante o qual não há barganhas a propor...

Ou é assim..., ou, então, ter-se-á tudo com a grife Jesus, mas de Jesus mesmo não se terá nada...

Há, todavia, aqueles que se escandalizam quando digo que Jesus é o Único Verbo, a Única Palavra Eterna; e que o mais... [a Bíblia toda], é testemunho humano, inspirado; sim, testemunho dessa esperança ou dessa fé, mas não é nada..., além disso...; visto que em Jesus, e não na Bíblia, é que estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento...

Sem tal visão tudo é idolatria...

Sim, a Bíblia vira ídolo, as Escrituras ficam maior que Jesus, e as doutrinas da “igreja” se tornam a “etiqueta comportamental de Deus”, conforme definida pelos homens...

Ou seja: porque deixou de ser assim é que herdamos a desgraça do “Cristianismo de Constantino”, que é o que se tem como “igreja” e “crença” em Jesus até hoje; mas que nada tem a ver com o Evangelho; posto que tudo tenha sido construído a partir da Bíblia como livro e dos “mestres” como decodificadores da revelação; e, em tal caso, Jesus tinha que se harmonizar com o todo da Escritura, e não a Escritura se harmonizar a Jesus [...].

Para os apóstolos, no entanto, se requeria a coragem de deixar de fora tudo quanto não coubesse mais [...] ante o avanço revelado da vontade de Deus encarnada em Jesus.

Esta é a coragem de ruptura que também se demanda de quem quer que queira tornar-se discípulo de Jesus, e de Jesus somente...

Você tem outra pretensão?...

Ora, nossa única pretensão deveria apenas ser o tornarmo-nos cartas vivas [...], evangelhos de carne e sangue [...], epistolas de reconciliação [...], escrituras feitas de inscrição no coração...

Sim, pois em Jesus, tanto como promessa feita pelos Profetas, como também mediante o Seu próprio Prometer aos Seus [todos] discípulos — está dito que todos os que Nele cressem seriam evangelhos andantes [...], cartas hebréias em sua mobilidade no caminho [...]; ao ponto de Paulo declarar que nosso chamado é para sermos cartas vivas, escritas pelo Espírito do Deus vivente; cartas essas vistas e lidas por todos os homens, mediante os nossos atos de amor, e nossa visão tomada pela mente de Cristo, que é o Evangelho.

Doutrina certa segundo Jesus é vida vivida em amor...

O que passar disso é Cristianismo, não Evangelho!

Pense nisso!



Nele, que é tudo que como tudo eu precise nesta vida ou em qualquer outra forma de existência,


Caio

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O grito de Deus

Na vida todo mundo já gritou um dia, e se ainda não o fez, certamente o fará. De fato há vários gritos no mundo. Cada momento pode retratar uma forma singular da expressão máxima de um sentimento através do grito. Veja por exemplo a criança quando nasce. Sem saber em que mundo se meteu, ou melhor, que a meteram, expressa sua primeira reação através do choro. Seu desligamento do mundo materno, levá-lhe a uma nova realidade de mundo, mesmo sem ter compreensão do que está acontecendo ou de onde está. Seu primeiro ato é chorar ao levar a primeira pancada da vida. Assim somos nós. Nosso choro está escondido no silêncio de nossa alma. Às vezes dá vontade de sair gritando, colocando pra fora todo sentimento que nos aprisiona dentro do nosso coração.

Como eu disse, há vários tipos de gritos. Há gritos de alegria, como aquele que soltamos quando o nosso time do coração faz o gol da vitória aos 48 minutos do segundo tempo ou quando sabemos da aprovação no vestibular ou em algum concurso importante. Há o grito da angústia, da fome, da morte, enfim, quem nunca gritou alguma vez, mesmo que tenha sido em silêncio?

Na Bíblia encontramos alguns gritos. O cego de Jericó é um bom exemplo. Ao ver o mestre passando pelas ruas, não podia perder sua única oportunidade. Era gritar ou permanecer cego para sempre. Sem perder a esperança e sem se importar com a multidão, ele gritou: “Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim” Imagine só, por um grito de fé, Bartimeu foi curado.

Há também o grito da acusação, quem nunca ouviu sua própria consciência gritando e acusando a si mesmo. Parece que algo dentro de nós nos sufoca, algumas vezes até pensamos em desistir da vida, desprezamos-nos por acharmo-nos indignos, incapazes, pequenos demais para sermos alguma coisa nesta vida. Quando olhamos para o mestre Jesus, percebemos que ele também passou por algo parecido, só que não era a sua consciência, mas uma multidão consciente. Imagine se você estivesse no lugar de Jesus e uma multidão gritasse “crucifica-o, crucifica-o”. O peso externo certamente abalou Jesus, o homem. Desprezado e amargurado, levando consigo mais do que o peso da cruz, levou o peso dos nossos pecados, da nossa consciência ferida, da nossa alma abatida, suportou a acusação e o grito de homens racionais: “crucifica-o, crucifica-o”.

O mestre suportara tudo em silêncio. Acredito que dentro de si, Jesus estava gritando pelo socorro do Pai, mas como sempre, assim como no monte das oliveiras, ele deve ter pensado, “mas que se faça a tua vontade”. E se Jesus pudesse gritar na hora da dor, o que ele faria? Na verdade ele gritou, não expôs a voz para ofender quem o ofendia, nem para humilhar quem o havia humilhado, simplesmente ele gritou por perdão. Deveria ser assim com cada um de nós, quando alguém nos ofendesse. Ao invés do grito do ódio e da ofensa, proferíssemos palavras de amor e perdão. Jesus, na cruz , gritou em alto e bom som “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. A voz foi ouvida em todo lugar, no céu, no inferno, na terra e nos nossos corações. Talvez nosso grito deva ser dado para dentro de nós mesmos, pois apesar de Deus nos ter perdoado, muitas vezes carregamos jugos dentro do nosso coração e somos incapazes de perdoar a nós mesmos. Talvez o nosso grito deva ser um pouco diferente “Eu me perdôo, pois Deus já me perdoou na cruz do calvário”.

O último grito da vida de muitos é o da morte, alguns se vão em silêncio, mas mesmos aqueles que se vão em silêncio, às vezes são despedidos com gritos de dor e saudade. Com Jesus, quem esteve em silêncio foi o Pai. Imagine você vendo o seu filho morrer sem poder falar nada, sem fazer nada. Deus só podia ficar em silêncio, vendo seu filho unigênito morrer como um assassino, um ladrão, um adúltero, um traidor, um sonegador, um mentiroso... Deus estava observando seu Filho morrer em nosso lugar com os nossos pecados e erros, sem ter culpa nenhuma do que fizemos, ele estava morrendo como cada um deveria morrer. A morte do Justo trouxe vida para os injustos. Na última hora antes da morte, ele soltou o grito que trouxe a oportunidade de vida aos homens, “tudo está consumado”. Aquele era o grito final, o grito de morte, trouxe a vida e paz ao coração humano. O grito de Deus foi dado para silenciar a morte de uma vez por todas. Deus gritou por todos nós. Ele gritou pela nossa independência da morte, só que seu grito lhe custou sua própria vida, seu Filho Jesus.

refletiragora.blogspot.com/2007/10/o-grito-de-deus

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

QUANDO A BÍBLIA FAZ MAL!

Sempre que se obedece à Escritura por causa dela mesma, se está cedendo à tentação do Diabo!

Não é de estranhar, portanto, que o pai da fé, Abraão, tenha vivido pela fé na Palavra antes de haver Escritura, mostrando-nos assim, que a Palavra precede a Escritura.

A fé vem pelo ouvir-escutar-crer-render-se à Palavra.

E a pregação só é Palavra se o Espírito estiver soprando. Do contrário, é só prega-ação!

E a pregação que não é Palavra é apenas estudo bíblico, podendo gerar mais doença do que libertação.

A grande tentação é fazer a Escritura se passar por Palavra. As Escrituras se iluminam como a Palavra somente quando aquele que a busca tem como motivação o encontro com a Palavra de Deus. Ou quando o Deus da Palavra fala antes ao coração!

A Bíblia é o Livro.

A Escritura é o Texto.

A Palavra É!

“Escritura” sem Deus é apenas um texto religioso aberto à toda sorte de manipulações!

No genuíno encontro com Deus e com a Palavra, a Escritura vem depois.

Sim! A Escritura vem bem depois!

O processo começa com a testificação do Espírito — pelo testemunho da Palavra de que somos filhos de Deus (Atos 16:14; Romanos 8:14-17; 10:17).

Depois, nos aproximamos da Escritura, pela Palavra. Então, salvos da “Escritura” pela Palavra, estudamo-la buscando não o seu poder ou o seu saber, mas a “revelação” imponderável acerca da natureza e da vontade de Deus, que daquele “encontro”—entre a Escritura, a Palavra e o Espírito — pode proceder.

Para tanto, veja João 5:39-40, onde o exame das Escrituras só se atualiza como vida se acontecer em Cristo.

Um exemplo do que digo é a tentação de pular do Pináculo do Templo. Tinha uma “base bíblica”— se levarmos em conta a Escritura como sendo a Palavra. Mas o que Jesus identificou ali foi a Escritura sem a Palavra.

Um ser pré-disposto ao sucesso teria pulado do Pináculo em “obediência” à Escritura e à sua literalidade, violando, para sua própria morte, a Palavra.

Sim! Estava escrito.

Porém, não estava dito!

Ora, é em cima do que está escrito mas não está dito, que não só cometemos “suicídios”, mas também “matamos” aqueles que se fazem “discípulos” de nossa arrogância, os quais, motivados pelas nossas falsas promessas, atiram-se do Pináculo do Templo abaixo.

E é também por causa desse tipo de obediência à letra da Escritura que nós morremos.

A letra mata!

Olhamos em volta e vemos o Livro de Deus em todas as prate-Lei-ras. Vemos o povo carregando-o sob o braço e percebemos que eles são apenas “consumidores de Bíblias”.

Vemos seus lideres e os percebemos, muitas vezes, apenas como “mercadejadores” de Bíblias e dos “esquemas” e “programas” que se derivam do marketing que oferece e vende sucesso em “pacotes em nome de Jesus”.

Sim! E isso tudo não porque nos faltem Bíblias e muito menos acesso à Palavra.

O que nos falta é buscar a Deus por Deus.

O que nos falta é sermos filhos amados de Deus não porque isto nos dá status Moral sobre uma sociedade que não é mais perdida que a própria “igreja”, coletivamente falando, é claro!

O que nos falta é a alegria da salvação, sendo essa alegria apenas fruto de gratidão.

É somente na Graça que a leitura da Bíblia tem a Palavra para o coração humano. Sem a iluminação do Espírito a Bíblia é apenas o mais fascinantes de todos os best-sellers.

Caio

domingo, 8 de novembro de 2009

Movimento pela Regeneração da Igreja na história

Nos dias da Reforma Protestante, 95 foram as teses. Hoje a tese é uma só: Se tudo é Graça de Deus, então, não há barganhas a serem nem propostas e nem aceitas, jamais.
Portanto, eis como segue:

1. Há um só Deus, que se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo; sendo, no entanto, um só Deus; e tal realidade divina pode ser por nós apenas crida, mas jamais entendida. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus!

2. Tudo e todos os que existem foram criados por Deus e para Deus; e Deus ama a todas as Suas criaturas e criações; posto que sendo amor a natureza de Deus, tudo o que Ele criou por amor o criou.

3. Deus é Amor; portanto, Deus é Graça; visto que somente no Amor há Graça; sendo também esta a razão de Deus haver feito o Sacrifício Eterno pela Sua criação e todas as Suas criaturas, antes mesmo de criar qualquer coisa; posto que o Cordeiro Eterno de Deus, que é também o Filho, entregou-se como Redenção e Remissão de pecados antes que qualquer coisa, ente, criatura ou dimensão tivessem sido criadas.

4. As transgressões que houve e há na criação, não demandaram de Deus um "improviso", um remendo; posto que a Graça do amor de Deus revelado aos homens não seja um improviso, mas a consecução do amor que já se dispusera a tudo por amor à criação antes de haver mundo.

5. Deus é amor, é, portanto, Pessoa; pois não há amor sem pessoalidade. Por isto ao criar seres capazes da pessoalidade, Deus chamava a Sua criação a um vinculo de relacionalidade com Ele, em amor, verdade e graça.
6. Sendo Deus Eterno e Infinito, e o homem mortal e finito, não há meios de o homem ou qualquer criatura discernirem Quem Deus é a menos que Deus faça revelação de Si mesmo.
7. Portanto, tudo quanto de Deus possa ser sabido nos vem exclusivamente por revelação; seja a revelação Dele mediante a Natureza das coisas criadas, seja pela iluminação da consciência, seja pelas Escrituras que decorreram da fé de Abraão, seja pela ciência como apreensão da revelação livre que Deus faz de Si mesmo.

8. A Palavra de Deus, portanto, se manifesta de muitos modos; entretanto, uma só é a Palavra; e toda a sua revelação está manifesta em Jesus, que é o Verbo Eterno, a Palavra antes de qualquer Natureza, Consciência, Ciência ou Escritura; posto que somente em Jesus seja possível discernir Deus em Sua plenitude de revelação aos homens. Afinal, Jesus disse: "Quem me vê a mim, vê o Pai" [...] "Eu e o Pai somos Um".

9. Sendo Deus Eterno e totalmente transcendente ao homem, tudo o que Dele nos venha é Graça; e sem Graça, favor divino em todas as coisas, nada pode ser por nós apreendido como bem eterno em razão de nossa incapacidade de discernir o Eterno e Infinito, especialmente quanto a aprender a Sua vontade.

10. Além disso, pela mesma razão, somente se pode manter relação com Deus mediante a fé, posto que a fé se abra para todas as coisas, visíveis e invisíveis; e mais: somente a fé não conhece impossível; portanto, somente pela fé se pode manter vinculo com Aquele está para além de toda compreensão.

11. Ora, sendo Jesus o Cordeiro Eterno de Deus que se manifestou na História, o fez no mesmo espírito da Graça Eterna, a mesma concedida à criação e às criaturas antes que houvesse mundo. Por isto Jesus não é o Deus dos cristãos, nem de qualquer grupo humano, nem o fundador do Cristianismo, nem o Deus dos crentes que assim se confessem apenas pela filiação a uma agremiação religiosa... Antes pelo contrário, Ele é a verdadeira Luz que vinda ao mundo ilumina a todos os homens; posto que Jesus tenha sido apresentado a nós como pertencendo a uma Ordem Sacerdotal Superior, não religiosa, não humana, e que é descrita como sendo a Ordem de Melquizedeque, na qual todos os seres humanos, sabendo ou não de tamanha Graça a eles disponível em Cristo, nela estão incluídos por uma decisão unilateral do amor de Deus; posto que Deus estivesse em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo.

12. Desse modo, tudo quanto concerne ao homem como necessidade, surge de Deus como solução do amor na Graça; a saber: arrependimento, fé, salvação, redenção, perdão, justificação, alegria, santificação e esperança eterna. Assim, não há nada que seja essencial ao homem que seja provisão do homem para o homem; pelo contrário, tudo provém de Deus.

13. Por esta razão o povo de Deus é o Povo da Graça; pois, quem quer que esteja em Deus só o está em razão de ter sido incluído gratuitamente em tão grande salvação.

14. Além disso, esse Povo de Deus é chamado a tornar-se seguidor de Deus nos passos de Jesus; e, por isto, só é Povo de Deus [e, portanto, Igreja], aquele que se entregar a Deus apenas crendo que no Cordeiro Eterno, Cristo Jesus, Tudo Está Consumado; não restando ao homem nada a fazer a fim de completar o que já estava Feito antes de haver mundo.

15. É porque o Evangelho é assim, e porque Jesus assim ensina, e, além disso, por ter sido apenas este o Fundamento Apostólico sobre o qual a revelação da Nova Aliança se deu, é que afirmamos com temor e santo temor que:

15.1. O que se fez nesses 1700 anos de História Cristã Romana, da qual a própria Reforma Protestante não deixou de ser herdeira, rompendo com muitas coisas, mas não com todas, tornando-se assim, de certa forma, apenas uma Re-forma, mas não uma Revolução de sentidos, conteúdos, e, sobretudo, de simplificação não de formas, mas de espírito — é ainda algo totalmente insatisfatório; posto que seja ainda um reformar, mas não uma ruptura de conteúdos, de dogmas, de doutrinas humanas, de lógicas mundanas, todas elas criadas pelo Pai do Cristianismo e seus auxiliares históricos: o Imperador Constantino.

15.2. Que o que provocou a Reforma nos dias dos Reformadores do Século XVI, tornou-se algo revivido com ênfases e disfarces de maldade ainda maior entre nós, hoje; posto que agora tudo seja feito com máscaras do "nome de Jesus", porém, com modos que fazem as vendas de Indulgências que deram pavio ao fogo da Reforma, tornarem-se temas inocentes de presépio infantil.

15.3. Que as barganhas, as negociatas, as campanhas de exploração da credulidade do povo, o uso perverso da Bíblia, o espírito de troca e comercio, as maldições e ameaças pronunciadas "em nome de Jesus", os novos apóstolos do dinheiro e da prosperidade, o desenfreado comercio da fé como produto, a utilização de todos as formas de manipulação e engano, as inegáveis manifestações de ações criminosas em nome da fé, o uso político da igreja e do nome de Jesus, e tudo quanto entre nós hoje se define como "igreja" e sua prática histórica, não mais é que um estelionato sem tamanho e medida, e que faz a Igreja Católica do Século XVI uma entidade de bruxos aprendizes daqueles que entre nós hoje são pastores, bispos, apóstolos e candidatos diabólicos à divindade.

15.4. Que não é mais possível usar termos como "evangélico", que deveria significar "aquilo que carrega a qualidade do Evangelho", nem termos como "Igreja", que deveria apenas ser a assembléia dos crentes no Jesus dos Evangelhos — posto que "evangélico" tenha se tornado aquilo que no Evangelho é descrito como sendo anti-evangélico, e "Igreja" tenha se tornado aquilo que no Evangelho é apenas uma multidão perdida e sem pastor, tamanho é o descaminho dos seus guias e condutores do engano.

15.5. Que não é mais possível conviver passivamente com tamanho engano blasfemo, sob pena de nos tornarmos indesculpáveis diante de Deus, desta geração, e das que ainda virão.

15.6. Que hoje se ouve a Voz de Deus, dizendo como fez antes muitas vezes, e no futuro ainda voltará a dizer: "Sai do meio dela, ó povo meu!" Sim, pois "o Senhor conhece os que Lhe pertencem"; e deseja separar Seu Povo do convívio perverso não no "mundo", mas, sobretudo, no "ambiente chamado 'igreja'"; posto que, pela anuência silenciosa, estamos corroborando o engano para aqueles que não sabem discernir entre a mão direita e a esquerda.

15.7. Portanto, convidamos a todo aquele que ainda crê em Jesus segundo a pureza do Evangelho, que assuma hoje, e para sempre, uma total ruptura com tudo aquilo que se disfarça sob o nome de Jesus, mas que nada mais é do que manifestação do engano, até que chegue o Dia quando todo "Senhor, Senhor" que não teve correspondência de obediência ao Evangelho, de Jesus ouvirá o terrível "Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim todos vós que praticais a iniqüidade".

15.8. Aqui, sem alarde, com total sinceridade no Evangelho, convidamos você a abraçar a busca da Regeneração; pois, o que a "igreja" precisa a fim de se tornar Igreja, segundo Jesus, é de Regeneração, de conversão, de arrependimento e de iluminação do Evangelho na Graça de Deus.

15.9. Portanto, não temos barganhas a fazer com tudo aquilo que, mesmo sendo anunciado "em nome de Jesus", nada tenha de Jesus e do Evangelho; e assim fazemos porque temos certeza de que seremos cobrados por Deus se nos mantivermos alheios, silenciosos, perversamente educados no nosso assistir da mentira na sua prevalência histórica contra a verdade e a simplicidade do Evangelho.

15.10. Estas são as teses puras e simples deste momento/tempo de Busca de Regeneração de nós mesmos no Evangelho. Quem diz amém ao Evangelho de Jesus, esse não temerá viver todas as implicações dessa decisão proposta não como Reforma, mas como Regeneração.

Nele, que nos chama a servi-Lo hoje, nesta geração, pois a ela estamos endividados pelo conhecimento da Verdade em Jesus,

Caio Fábio D'Araújo Filho
E quem mais assinar antes ou depois de minha assinatura...
21 de outubro de 2009
Lago Norte
Brasília / DF
www.caiofabio.com

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Unir-se à igreja (com “i” minúsculo mesmo) de coração e alma

posted by Sandroin

Isso pode soar estranho, mas um ponto de conversão em minha vida veio quando eu decidi me unir à minha própria igreja. Eu não quero dizer me unir a ela “oficialmente”, mas me unir emocionalmente. Eu percebi que estava do lado de fora olhando para dentro. Eu me sentia confortável sendo “o líder” ou “o profissional”, mas não tinha me identificado com a igreja como uma pessoa, como um companheiro de peregrinação. Eu me sentia seguro escondendo-me atrás de minhas funções e responsabilidades, mas não podia genuinamente trazer cura para os outros e experimentar cura em mim mesmo quando eu estava sempre um passo distante deles.
Na noite que Jesus predisse a traição de Pedro, Jesus ofereceu lavar os pés de Pedro e Pedro inicialmente recusou. De algum modo, Pedro sabia que permitir que Jesus o servisse desse modo iria provocar um dilema irreconciliável. Pedro não estava pronto para oferecer-se a si mesmo para seus amigos e, portanto, ele não podia participar da oferta de Jesus para servi-lo. Ele não podia receber livremente porque não podia dar livremente. Ele não podia dar porque não podia reconhecer a si mesmo como igual a seus irmãos. Ele estava de fora olhando para dentro.
Eu estou tentando “me unir” mais. Hmmm. Parece arriscado. – Sam Rockwell

Encontrei a reflexão acima no facebook de um amigo que tem me ensinado muito no decorrer dos anos. Foi ele quem me apresentou Henri Nouwen ao me dar de presente em 1997 o livrete In the Name of Jesus (publicado no Brasil sob o título O Perfil do Líder do Século XXI). Foi ele também quem me apresentou aos escritos de Eugene Peterson e mais recentemente de Frederick Buechner. A sua reflexão é, de alguma forma, uma exortação sobre o unir-se à igreja em vez de ficar olhando do lado de fora (posição crítica e invariavelmente estéril).

É curioso que este permanecer “de fora” em relação a igreja é algo que eu tenho refletido muito a respeito ultimamente. Parece que tem tanta gente machucada (ou tanta gente vendo tanta gente machucada que, por sua vez, está com medo de ser machuca também) que esse unir-se emocionalmente – de coração e alma – à comunidade é algo cada vez menos praticado. Tem gente demais olhando do lado de fora. Estão dentro, mas “não estão dentro”.

Uma das passagens mais inspiradoras das Escrituras para mim se encontra no livro de Atos e diz respeito a comunhão daqueles que creram em Jesus – uma era a mente e um o coração. Essa nem sempre tem sido a experiência das comunidades de fé. Mais vezes do que nunca, parece que o que vemos são comunidade sem comum-unidade, semelhantes às crianças espirituais de Corinto que estavam divididas em torno de personalidades carismáticas (1 Coríntios 3). Não é de estranhar a falta de poder na igreja, quando divisões são evidentes. E como visto na igreja de Corínto, divisões geralmente são carnais e imaturas, raramente nascem de um mover genuíno do Espírito. Que Deus nos ajude a promover mais unidade de mente e coração do que divisão carnal. Que possamos ter mais coragem para nos unir mais (com-unidade) nesse negócio arriscado chamado comunidade.

FONTE: sandrobaggio.com

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Pastores perdidos e prostitutas salvas




Por Márcio de Souza

Vivemos em um mundo maluco mesmo né... Este é um tempo onde nada é previsivel. Vemos de um lado, homens de terno, empunhando Bíblias que são capazes de coisas terríveis como violentar crianças, roubar a individualidade do outro (nem o diabo faz isso como pastores) e se aproveitar da miséria alheia. Do outro lado vemos os micróbios da sociedade, abandonados, entregues a própria sorte, ao DEUS DARÁ que são capazes de dividir seus poucos restos de comida, de abrir espaço na calçada onde dormem para que mais um desafortunado deite a seu lado. Ta tudo mudado...

Será essa a diferença? Enquanto uns dependem de seu esforço outros estão ao Deus dará?

Eu escuto mais sentenças cristãs da boca de um travesti na rua São João do que na boca de um pastor. Eu vejo mais solidariedade de um mendigo do que de um tesoureiro de igreja. Eu vejo mais preocupação no semblante descaído de gente que vive abaixo da linha da miséria do que nos prédios luxuosos da classe alta.

É preciso fazer algo para equalizar as coisas. Vida simples aos que vivem nababescamente e solidariedade para que os que vivem na miséria extrema tenham o básico. O mandamento de Jesus está sendo preterido, não amamos o próximo como a nós mesmos, não fazemos esforço pra que alguém coma melhor ou tenha um teto pra morar. Estamos olhando pro nosso umbigo e vivendo a revelia, sem seguir o mestre, mas fazendo o que dá certo. Orações pomposas impedem que o clamor dos becos chegue aos nossos ouvidos. O resumo disso tudo é: Igrejas cheias, barrigas vazias.

Fonte: blog do Márcio de Souza

(*) Imagem: De um lado, o conhecido bispo da IURD. Do outro, Annie Lobert - ex-prostituta, que faz um trabalho evangelístico junto com outras mulheres em zonas de prostituição em Las Vegas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Charles Spurgeon



By Jota Mossad | Published: December 12, 2008

Como eu sou fascinado por esse homem. Charles Spurgeon. Fico pensando se existe um homem como ele hoje com tanta franqueza, dedicação, amor, e uma iluminação acima da media por parte de Deus. Moddy encontrou Spurgeon e descobriu que ele fumava charutos, ele ficou um tanto surpreendido e desconcertado. 90% dos cristãos hoje ficariam. Mas Spurgeon lhe assegurou que nunca tinha exagerado. Moody perguntou cortesmente, “E o que você consideraria um exagero?”. Spurgeon respondeu, “Fumar dois ao mesmo tempo”. Spurgeon parou de fumar charutos quando a loja de tabaco onde ele os comprova começou a se auto-anunciar como, “A Loja Onde Spurgeon Compra Seus Charutos”.

Um cara que eu olho e vejo o equilíbrio que ele conseguiu atingir, ele não parou de fumar por causa do Moody, mas por causa da loja, ele não queria que outros vissem ele como exemplo disso.

Eu tenho 25 anos e preguei poucas vezes que dá praticamente todos meus dedos do corpo, antes dos 20 anos de idade, Spurgeon pregou 600 vezes. Numa época que não se media membros como hoje com 19 anos de idade, uma Igreja convidou para um teste de seis meses. Ele disse que aceitaria somente um teste de três meses pois, “Eu não queria me tornar um obstáculo”. Quando ele chegou tinha 232 membros. Trinta e oito anos depois o total era de 5.317 com outros 9.149 que tinham sido membros (mudanças, mortes, etc.).

Hoje temos pessoas que querem fazer historia, mas não como os heróis da fé, mas como a música do Delirius “History Makers”. Jovens que tem motivações corretas, mas infelizmente nem todas são certas. Jovens que pegam seletivamente exemplos de Spurgeon e irmão André fumando, Bono Vox bebendo e não freqüentando uma igreja e seguem como essas pessoas só fossem isso. A falta do conhecimento pessoal de Deus através da Bíblia pode destruir qualquer um que tenha o sonho de fazer historia como fazer historia se não rola uma tete a tete com Deus? não porque tal conhecimento esteja fora do alcance de todos, mas porque as pessoas continuam ignorando a verdade revelada por Jesus. A verdade está disponível a todos através da Bíblia. O pecado é alimentado pelos costumes que são opostos à vontade de Deus.

“Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas OBRAS ERAM MÁS. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas OBRAS NÃO SEJAM REPROVADAS”. Isso é João 3.19,20

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

DEZ COISAS QUE AMO EM VOCÊ, IGREJA.



NOTA: Quando me refiro à igreja na lista abaixo, estou pensando na igreja orgânica, invisível aos olhos humanos, aquela que só Deus conhece como Seu único e exclusivo remanescente fiel, a noiva de Cristo, composta dos filhos e súditos do Reino. É essa igreja que amo e sou membro.
Que mais amo em ti?

1. AMO TUA VOCAÇÃO PROFÉTICA. Quando exerces teu papel profético de denunciar o mal e delatar a injustiça e quando desmascaras corajosamente o rosto imundo da corrupção e serves tu mesma de espelho, para o mundo ver Jesus refletido em teu semblante.

2. AMO TUA CORAGEM DESTEMIDA. Quando desfazes os altares da vaidade, desbancas os postes ídolos do abuso de poder, detonas os totens dos falsos profetas e pastores fingidos, esses que amam a popularidade, a fama e o dinheiro e arrastam milhares de incautos à decepção e à tristeza irreversíveis, até que tu venhas e a ser alento e ponto de apoio para voltarem a caminhar, Para depois correrem livres e voarem em direção a uma vida pujante de alegria e liberdade em Cristo, nunca dantes experimentada.

3. AMO TEU AMOR DESMEDIDO. Quando te identificas com as pessoas às quais tu proclamas a verdade do Evangelho, amando-as incondicionalmente, vendo sempre o bem no outro, e incluindo-o como teu semelhante e irmão de caminhada. Se acontecer algum processo de seleção no final, cabe a Deus fazê-lo, como prerrogativa exclusiva Dele.

4. AMO TEU TESTEMUNHO IMPOLUTO. Quando, em alguns pontos luminosos de tua história, e ainda hoje se vê rasgos nítidos de tua original missão de servir de ponte de retorno entre o mundo perdido e o seio do Pai, de ser farol de referência, lucidez e honradez aos que estão à deriva na correnteza do mar da corrupção, e ser rocha firme aos que afundam na areia movediça das certezas relativizadas.

5. AMO TUA HUMILDADE, À SEMELHANÇA DE TEU MESTRE. quando te conscientizas que teu lugar é servir no vale escuro da dor e da rejeição e não no topo do mundo, debaixo dos holofotes e flashes da fácil aceitação.

6. AMO QUANDO TE MOSTRAS MADURA EM TUA PROPOSTA DE SANTIDADE. Quando descobres que o caminho da maturidade rumo à santidade é o da experiência do andar vivencial com Jesus, e não a freqüência compulsória a um culto, e a liberdade consciente como a melhor forma de amadurecimento em direção ao céu.

7. AMO TUA ESTRATÉGIA INTELIGENTE DE CONQUISTAR O MUNDO. Quando adotas a teologia encarnacional da identificação participativa e te imiscuis no meio do mundo de forma sutil, subversiva, sem alarde e autopromoção, e através de recursos didáticos criativos se utilizando da cultura e das artes, consegues mudar os rumos da história.

8. AMO TUA OBJETIVIDADE FULMINANTE. Quando não fazes “cavalo de batalha” com coisas inúteis e irrelevantes para a vida como defender doutrinas humanas, dogmas e tradições de usos e costumes, e por outro lado, enfatizas o que é essencial para a vida aqui e o porvir, como incorporar o Evangelho Simples, amar a Jesus, vivenciar o amor entre os irmãos, reunir com os amigos para conversar, assistir o necessitado, abrigar o sem casa, dar alimento ao faminto e prover uma base sólida de educação aos que não teria nenhum futuro consistente e a chance de poder sobreviver nessa sociedade de lobos vorazes que dilaceram o ânimo doa fracos e despedaçam a esperança dos pequeninos. Mas aguarde com paciência o terrível julgamento que recaíra sobre sobre toda a alcatéia desses predadores insaciávais, por tocarem nesses amados pequeninos do Senhor...

9. AMO TEU SENSO AGUÇADO DE JUSTIÇA E MISERICÓRIDIA. Quando usas sabiamente a disciplina bíblica como elemento de cura e inclusão dos que entre ti fraquejam e tropeçam, levando-os invariavelmente ao retorno feliz, e curados, se levantam para ser referencial de vida a tantos outros que caem e tropeçam na caminhada.

10. AMO TUA MISSÃO BASEADA NA COMUNHÃO VIVENCIAL COM O MUNDO. Quando compreendes claramente que o “ide” não é um imperativo, mas “indo”, um gerúndio de convivência relacional no dia-a-dia, dando idéia de “enquanto vão, preguem”. Isso envolve a necessidade da saída do reduto quentinho e confortável do templo para a convivência despretensiosa lá fora, e sem segundas intenções, encontrar as pessoas em seus habitats, áreas de convivência, trabalho e lazer, e se tornando uma delas, fazer o Evangelho conhecido pelo servir sem nenhuma pretenção, a não ser aquela de gerar grandes amizades com os que compartilham conosco a mesma jornada de vida. Tal qual Jesus faria...

QUANDO AGES ASSIM, VIVES O QUE É SER IGREJA NO MUNDO E ENTENDES QUE SER IGREJA É MUITO MAIS DO QUE VEMOS POR AÍ... APESAR DE SER IMPRESSIONANTE O NÚMERO DOS QUE SE JACTAM PERTENCEREM AS TUAS FILEIRAS.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Um sonho de Igreja

por Jorge Camargo

Em 2001, passei aproximadamente um mês na África, especificamente em Angola, na cidade do Lubango. À época, o país ainda estava em guerra (que terminou em abril de 2002). A cidade, como o restante da nação, sofria as mais variadas consequências do conflito que se iniciara, primeiro em busca da independência de Portugal, mas que depois descambara num confronto fratricida.

Em meio a tantas dificuldades, observei que havia muitas igrejas de origem protestante na cidade, representando várias denominações. Na comunidade aonde o grupo que eu liderava trabalhou, muitas eram as atividades desenvolvidas em prol da comunidade como um todo. E em uma cidade sem qualquer tipo de opção de lazer e de cultura, a igreja se tornara um ponto de encontro, um polo produtor de atividades culturais em suas mais variadas formas: música, dança, teatro, artesanato, etc. Um autêntico oásis num deserto de opções e de carências.

No meio daquele caos social, tive um vislumbre do que entendo ser a contribuição da Igreja ao mundo.

Sonhei uma igreja. O que seria de nós sem a possibilidade de sonhar?

Vamos ao sonho: Uma igreja cujo templo está localizado no centro da cidade, de fácil acesso e muita visibilidade.

Suas portas estão abertas diariamente (ao contrário de muitos edifícios religiosos que funcionam somente nos dias de culto e no restante do tempo permanecem trancafiados). Além dos cursos profissionalizantes, do atendimento aos necessitados, das parcerias com a prefeitura, o estado, o governo federal e a iniciativa privada, a igreja também possui um intenso calendário cultural que, diferente de outras que utilizam somente as datas cristãs para promover seus musicais, abre o espaço de seu imenso palco a uma programação intensa, que contempla todos os estilos de música. Às quintas, por exemplo, uma camerata se apresenta no templo com repertório barroco e entrada franca, de modo que os moradores da cidade que apreciam música erudita têm oportunidade de assistir a um concerto gratuito, além de apreciar os vitrais da velha catedral protestante, tomar um delicioso café no salão, servido pelos membros da comunidade, que usam esse tempo como oportunidade para servir e estabelecer amizades. Sem proselitismo. Sem forçar a barra. Amizade genuína e desinteressada.

Às sextas à noite são de rock pesado. Os adolescentes e jovens da igreja, instruídos que são a cultivarem amizades fora dos muros de seu templo, veem na programação mensal - que inclui o concerto de rock - uma oportunidade de convidar seus amigos a conhecer o espaço e a ouvir a música que ambos apreciam. E, assim, estarem mais próximos. Curtirem a oportunidade de ser gente no meio de gente. Bem ao estilo de Jesus, que amava as festas e a possibilidade de estar cercado de gente.

No rodízio de programação incluem-se shows de MPB, música alternativa, música instrumental de estilos variados, palestras sobre música e cultura, musicoterapia, etc.

Algumas manhãs e tardes são reservadas às exposições: pintura, escultura, gravura, fotografia.

Há também as mini-temporadas teatrais.

Os saraus, com leitura de poemas.

Os lançamentos de livros.

Quantas opções de difusão de arte e cultura forem concebidas e viabilizadas... no espaço singelo de um templo... no espaço do coração e da mente arejada de uma comunidade que existe para servir o mundo e contagiá-lo com boas obras, com serviço abnegado e amor sem limites.

Estou perto de despertar de meu sonho quando alguém toca em meu ombro e diz, “quero agradecer ao pastor da igreja por abrir as portas do templo e do coração para me receber. Não imaginei que esse espaço pudesse servir a tantas possibilidades. Qual é mesmo o horário dos cultos aqui?”

Acordo acreditando que a igreja ainda possa ser lugar de encontro, de acolhimento, de sorriso, de mentes e corações desarmados.
Mas tudo isso ainda é apenas um sonho.

Jorge Camargo é músico, tradutor, poeta e gravou 7 CDs individuais. Já fez shows no Brasil inteiro, EUA, Europa e África.
É mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie.

FONTE: cristianismocriativo.com.br