segunda-feira, 26 de outubro de 2009

DEZ COISAS QUE AMO EM VOCÊ, IGREJA.



NOTA: Quando me refiro à igreja na lista abaixo, estou pensando na igreja orgânica, invisível aos olhos humanos, aquela que só Deus conhece como Seu único e exclusivo remanescente fiel, a noiva de Cristo, composta dos filhos e súditos do Reino. É essa igreja que amo e sou membro.
Que mais amo em ti?

1. AMO TUA VOCAÇÃO PROFÉTICA. Quando exerces teu papel profético de denunciar o mal e delatar a injustiça e quando desmascaras corajosamente o rosto imundo da corrupção e serves tu mesma de espelho, para o mundo ver Jesus refletido em teu semblante.

2. AMO TUA CORAGEM DESTEMIDA. Quando desfazes os altares da vaidade, desbancas os postes ídolos do abuso de poder, detonas os totens dos falsos profetas e pastores fingidos, esses que amam a popularidade, a fama e o dinheiro e arrastam milhares de incautos à decepção e à tristeza irreversíveis, até que tu venhas e a ser alento e ponto de apoio para voltarem a caminhar, Para depois correrem livres e voarem em direção a uma vida pujante de alegria e liberdade em Cristo, nunca dantes experimentada.

3. AMO TEU AMOR DESMEDIDO. Quando te identificas com as pessoas às quais tu proclamas a verdade do Evangelho, amando-as incondicionalmente, vendo sempre o bem no outro, e incluindo-o como teu semelhante e irmão de caminhada. Se acontecer algum processo de seleção no final, cabe a Deus fazê-lo, como prerrogativa exclusiva Dele.

4. AMO TEU TESTEMUNHO IMPOLUTO. Quando, em alguns pontos luminosos de tua história, e ainda hoje se vê rasgos nítidos de tua original missão de servir de ponte de retorno entre o mundo perdido e o seio do Pai, de ser farol de referência, lucidez e honradez aos que estão à deriva na correnteza do mar da corrupção, e ser rocha firme aos que afundam na areia movediça das certezas relativizadas.

5. AMO TUA HUMILDADE, À SEMELHANÇA DE TEU MESTRE. quando te conscientizas que teu lugar é servir no vale escuro da dor e da rejeição e não no topo do mundo, debaixo dos holofotes e flashes da fácil aceitação.

6. AMO QUANDO TE MOSTRAS MADURA EM TUA PROPOSTA DE SANTIDADE. Quando descobres que o caminho da maturidade rumo à santidade é o da experiência do andar vivencial com Jesus, e não a freqüência compulsória a um culto, e a liberdade consciente como a melhor forma de amadurecimento em direção ao céu.

7. AMO TUA ESTRATÉGIA INTELIGENTE DE CONQUISTAR O MUNDO. Quando adotas a teologia encarnacional da identificação participativa e te imiscuis no meio do mundo de forma sutil, subversiva, sem alarde e autopromoção, e através de recursos didáticos criativos se utilizando da cultura e das artes, consegues mudar os rumos da história.

8. AMO TUA OBJETIVIDADE FULMINANTE. Quando não fazes “cavalo de batalha” com coisas inúteis e irrelevantes para a vida como defender doutrinas humanas, dogmas e tradições de usos e costumes, e por outro lado, enfatizas o que é essencial para a vida aqui e o porvir, como incorporar o Evangelho Simples, amar a Jesus, vivenciar o amor entre os irmãos, reunir com os amigos para conversar, assistir o necessitado, abrigar o sem casa, dar alimento ao faminto e prover uma base sólida de educação aos que não teria nenhum futuro consistente e a chance de poder sobreviver nessa sociedade de lobos vorazes que dilaceram o ânimo doa fracos e despedaçam a esperança dos pequeninos. Mas aguarde com paciência o terrível julgamento que recaíra sobre sobre toda a alcatéia desses predadores insaciávais, por tocarem nesses amados pequeninos do Senhor...

9. AMO TEU SENSO AGUÇADO DE JUSTIÇA E MISERICÓRIDIA. Quando usas sabiamente a disciplina bíblica como elemento de cura e inclusão dos que entre ti fraquejam e tropeçam, levando-os invariavelmente ao retorno feliz, e curados, se levantam para ser referencial de vida a tantos outros que caem e tropeçam na caminhada.

10. AMO TUA MISSÃO BASEADA NA COMUNHÃO VIVENCIAL COM O MUNDO. Quando compreendes claramente que o “ide” não é um imperativo, mas “indo”, um gerúndio de convivência relacional no dia-a-dia, dando idéia de “enquanto vão, preguem”. Isso envolve a necessidade da saída do reduto quentinho e confortável do templo para a convivência despretensiosa lá fora, e sem segundas intenções, encontrar as pessoas em seus habitats, áreas de convivência, trabalho e lazer, e se tornando uma delas, fazer o Evangelho conhecido pelo servir sem nenhuma pretenção, a não ser aquela de gerar grandes amizades com os que compartilham conosco a mesma jornada de vida. Tal qual Jesus faria...

QUANDO AGES ASSIM, VIVES O QUE É SER IGREJA NO MUNDO E ENTENDES QUE SER IGREJA É MUITO MAIS DO QUE VEMOS POR AÍ... APESAR DE SER IMPRESSIONANTE O NÚMERO DOS QUE SE JACTAM PERTENCEREM AS TUAS FILEIRAS.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Um sonho de Igreja

por Jorge Camargo

Em 2001, passei aproximadamente um mês na África, especificamente em Angola, na cidade do Lubango. À época, o país ainda estava em guerra (que terminou em abril de 2002). A cidade, como o restante da nação, sofria as mais variadas consequências do conflito que se iniciara, primeiro em busca da independência de Portugal, mas que depois descambara num confronto fratricida.

Em meio a tantas dificuldades, observei que havia muitas igrejas de origem protestante na cidade, representando várias denominações. Na comunidade aonde o grupo que eu liderava trabalhou, muitas eram as atividades desenvolvidas em prol da comunidade como um todo. E em uma cidade sem qualquer tipo de opção de lazer e de cultura, a igreja se tornara um ponto de encontro, um polo produtor de atividades culturais em suas mais variadas formas: música, dança, teatro, artesanato, etc. Um autêntico oásis num deserto de opções e de carências.

No meio daquele caos social, tive um vislumbre do que entendo ser a contribuição da Igreja ao mundo.

Sonhei uma igreja. O que seria de nós sem a possibilidade de sonhar?

Vamos ao sonho: Uma igreja cujo templo está localizado no centro da cidade, de fácil acesso e muita visibilidade.

Suas portas estão abertas diariamente (ao contrário de muitos edifícios religiosos que funcionam somente nos dias de culto e no restante do tempo permanecem trancafiados). Além dos cursos profissionalizantes, do atendimento aos necessitados, das parcerias com a prefeitura, o estado, o governo federal e a iniciativa privada, a igreja também possui um intenso calendário cultural que, diferente de outras que utilizam somente as datas cristãs para promover seus musicais, abre o espaço de seu imenso palco a uma programação intensa, que contempla todos os estilos de música. Às quintas, por exemplo, uma camerata se apresenta no templo com repertório barroco e entrada franca, de modo que os moradores da cidade que apreciam música erudita têm oportunidade de assistir a um concerto gratuito, além de apreciar os vitrais da velha catedral protestante, tomar um delicioso café no salão, servido pelos membros da comunidade, que usam esse tempo como oportunidade para servir e estabelecer amizades. Sem proselitismo. Sem forçar a barra. Amizade genuína e desinteressada.

Às sextas à noite são de rock pesado. Os adolescentes e jovens da igreja, instruídos que são a cultivarem amizades fora dos muros de seu templo, veem na programação mensal - que inclui o concerto de rock - uma oportunidade de convidar seus amigos a conhecer o espaço e a ouvir a música que ambos apreciam. E, assim, estarem mais próximos. Curtirem a oportunidade de ser gente no meio de gente. Bem ao estilo de Jesus, que amava as festas e a possibilidade de estar cercado de gente.

No rodízio de programação incluem-se shows de MPB, música alternativa, música instrumental de estilos variados, palestras sobre música e cultura, musicoterapia, etc.

Algumas manhãs e tardes são reservadas às exposições: pintura, escultura, gravura, fotografia.

Há também as mini-temporadas teatrais.

Os saraus, com leitura de poemas.

Os lançamentos de livros.

Quantas opções de difusão de arte e cultura forem concebidas e viabilizadas... no espaço singelo de um templo... no espaço do coração e da mente arejada de uma comunidade que existe para servir o mundo e contagiá-lo com boas obras, com serviço abnegado e amor sem limites.

Estou perto de despertar de meu sonho quando alguém toca em meu ombro e diz, “quero agradecer ao pastor da igreja por abrir as portas do templo e do coração para me receber. Não imaginei que esse espaço pudesse servir a tantas possibilidades. Qual é mesmo o horário dos cultos aqui?”

Acordo acreditando que a igreja ainda possa ser lugar de encontro, de acolhimento, de sorriso, de mentes e corações desarmados.
Mas tudo isso ainda é apenas um sonho.

Jorge Camargo é músico, tradutor, poeta e gravou 7 CDs individuais. Já fez shows no Brasil inteiro, EUA, Europa e África.
É mestre em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie.

FONTE: cristianismocriativo.com.br

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

10 COISAS QUE ODEIO EM VOCÊ



Li essa semana uma slogan bastante interessante que revela o quanto a igreja esta em baixa nos últimos tempos: ODEIO A IGREJA, NÃO JESUS!

A lista abaixo relacionada é direcionada à igreja institucional, à igreja-empresarial, ao clube de entretenimento, assim falsificada e vendida ao poder temporal. Não me refiro absolutamente à igreja verdadeira, ao remanescente fiel que muitas vezes está contido nessa igreja caricata dos nossos dias.
Compartilho aqui o sentimento de inconformação de Davi quando disse a Deus: Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? E não abomino os que se levantam contra Ti? Aborreço-os com ódio consumado, para mim são inimigos de fato.

O que eu odeio em ti, igreja dos nossos tempos?


1. A TUA PRETENSÃO OSTENSIVA de tu te veres superior a tudo e a todos, e com esse orgulho besta, deixas de ser reconhecida como voz de Deus e agência do Reino no mundo. Ao contrário, deverias te afastar pra bem longe dessa vaidade luciferiana e cair em si, voltando a servir humildemente ao mundo ao qual foste enviada.

2. QUANDO INFLEXÍVEL, IMPÕES O DETESTÁVEL LEGALISMO COMO FORMA DE CAMINHADA CRISTÃ com regras insuportáveis que mantém teus membros eternamente cativos a infantilidade na fé, ao invés de conduzi-los à maturidade cristã que alcança a essencial liberdade consciente e anda maduramente nas pegadas de Jesus de Nazaré.

3. A TUA CEGUEIRA REDUCIONISTA que não discerne claramente o Reino além de tuas limitadas fronteiras, expandindo a visão para ver e aceitar outras formas de expressão, de serviço cristão, de culto e de obras que também glorificam a Deus e contribuem para a expansão do Reino na terra.

4. A TUA FORMA DE JULGAR SUMARIAMENTE as pessoas, se são merecedoras do céu ou do inferno, como se coubesse a ti essa prerrogativa divina de seleção. Deveria tu saber que essa é uma ação exclusiva de Deus.

5. A TUA DISCIPLINA CORRETIVA que sempre exclui e joga fora todo aquele que desgraçadamente tropeça por algum motivo, levando invariavelmente o “disciplinado” ao abandono, e ferido, a morrer a míngua.

6. A TUA FORMA ANTIBÍBLICA DE EVANGELIZAR, definindo prazo de mudança para as pessoas ”aceitarem Jesus”, exigindo uma conversão urgente e superficial baseada na adequação compulsória às regras de teus usos e costumes, e não na radical soberana transformação do Espírito Santo, de dentro para fora, e no livre tempo de Deus.

7. A TUA VISÃO MISSIONÁRIA/ EVANGELÍSTICA DISTORCIDA que em nome do “ide” retira as pessoas de suas áreas de convivência na sociedade onde exerciam posições estratégicas para alcançar seus semelhantes, para mantê-los circunscritos à área do templo, transformando-os em pessoas inativas ou em obreiros alienados que desconhecem o que se passa no mundo que os rodeiam.

8. O TEU ABUSO DE PODER arrastando milhares de PESSOAS SINCERAS, frágeis, crédulas, simplórias, despreparadas e desavisadas à exaustão, ao esgotamento, ao sofrimento, à decepção, e a se sentirem absolutamente usurpadas física, emocional, material e espiritualmente. Essas pobres vítimas do teu poder abusivo se tornam amargas e refratárias para o Evangelho para sempre, fechadas para qualquer possibilidade de pensarem em Deus ou em coisas relacionadas a ti.

9. A FORMA IMORAL COM QUE TEUS LÍDERES LIDAM COM AS FINANÇAS, manipulando o dinheiro que entra em teus cofres de forma irresponsável, desonesta, revelando que são subjugados pelo deus Mamon. Reproduzes pastores que amam posição, poder, e o dinheiro, tornando-os cheios de avareza e de ganância. ISSO TEM CAUSADO GRANDES ESCÂNDALOS E DANOS IRREVERSÍVEIS PARA O EVANGELHO, E TU ÉS DIRETAMENTE RESPONSÁVEL POR ISSO!

10. E por último, odeio quando MENTES, ASSEVARANDO QUE FORA DE TI, AS PESSOAS NÃO PODEM SOBREVIVER. Saiba que existem milhões de pessoas que nunca adentraram em teus átrios e mesmo assim oram, têm temor, discernimento, maturidade, ética, moral e dignidade, muitas vezes, mais apurados que teus pobres membros pretensiosos.

Sobretudo, há uma forma difícil, dolorida, mas possível, que pode mudar radicalmente esse quadro sombrio: TENS QUE PASSAR PELO PORTAL DO ARREPENDIMENTO. Como diria Jesus, Lembra-te de onde caíste e arrepende-te...

A seguir, 10 coisas que amo em você, Igreja.

Manoel, no blog Manoel dC

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Grande Queda da Igreja

Postado por Thiago Mendanha, 25/08/2008

As igrejas existentes precisam tomar uma decisão histórica: ignorar a Revolução e continuar vivendo como de costume, investir energia na luta contra a Revolução como um avanço não-bíblico, ou procurar meios de reter a sua identidade enquanto colabora com a Revolução como um símbolo de unidade e ministério genuínos. Minha pesquisa atual sugere que esta última abordagem será a menos comum.

Para aquelas congregações cujos líderes decidirem ignorar ou lutar contra a Revolução, as consequências são previsíveis. Uma porcentagem deles será gravemente prejudicada pelo êxodo de indivíduos - embora possam ser apenas algumas pessoas deixando uma já pequena congregação. Outras igrejas continuarão como se nada de novo estivesse acontecendo no mundo da fé. Todavia, cada igreja, sem levar em conta sua resposta pública à Revolução, sentirá pressão interna e externa cada vez maior no sentido de encarar o ministério com mais seriedade e fixar-se na visão de Deus para a existência da congregação.

Haverá uma redução no número de igrejas, como presentemente configuradas (isto é, ministérios formatados para a congregação). A frequência aos serviços da igreja diminuirá, à medida que os cristãos dedicarem seu tempo a um leque maior de eventos espirituais. As doações às igrejas serão reduzidas porque milhares de crentes investirão seu dinheiro em outros empreendimentos ministeriais. A influência política e cultural já limitada das igrejas irá diminuir ainda mais, ao mesmo tempo em que os cristãos vão exercer maior influência mediante mecanismos distintos. Um número menor de programas da igreja será mantido em comparação com mais experiências comunais entre cristãos.

Menos clérigos profissionais receberão de suas igrejas um salário com o qual possam sustentar-se. Haverá cortes nas denominações e executivos serão liberados de seus deveres, à medida que suas diretorias tentam compreender e impedir a hemorragia.

Para alguns, isto parecerá a Grande Queda da Igreja. Para os revolucionários, será o Grande Despertamento da Igreja. Novos cenários não significam desordem e dissipação. Neste caso, eles representam um novo dia em que a Igreja poderá ser realmente a Igreja - diferente daquela que conhecemos hoje; porém, mais responsável e espelhando mais a Deus.

George Barna em Revolução. Págs.116, 117, 118. A importância da Revolução.

Links relacionados:
FONTE: http://thiagomendanha.blogspot.com/2008/08/grande-queda-da-igreja.html

domingo, 18 de outubro de 2009

Rio 2016: OLIM-PIADAS




Todo mundo feliz que o Rio vai sediar as Olimpiadas 2016. E os governantes do Rio mais ainda. São eles que vão superfaturar as obras olímpicas, passar a mão na nossa grana e investi-la no tráfico de drogas. E o povo comemora!

Nos Jogos Pan-Americanos 2007 o Rio não cumpriu quase nenhuma das promessas/exigências. Mas vamos nos alegrar! É dada uma nova oportunidade para não cumpri-las de novo!

Minha amiga Denise Dambros jura de pé junto que os responsáveis pelos fogos de abertura dos Jogos Olímpicos 2016 serão os traficantes do morro.

Ela disse também que a Olímpiada pode ser confusa. Os corredores nunca saberão ao certo se aquilo que acabaram de ouvir foi mesmo o tiro de largada.

Eu já posso até dar meus palpites de quem leva o maior número de ouro pra casa: Os trombadinhas. E os governantes e as empreeiteiras de seus compadres, claro. Já tinha falado disso no começo do texto.

Quando o atleta chegar no podium vai ter um flanelinha guardando seu lugar.

Aposto que os atletas estarão liberados do exame anti-doping, afinal, como proibir que desfrutem da maior fonte de renda da cidade?

As Olimpíadas do Rio será a prova definitiva que o Michael Phelps realmente é o melhor do mundo. Se ele conseguir bater algum recorde nadando com o colete a prova de balas, então ele é o cara.

Isso tudo é piada de mal gosto. Me perdoem. O Rio em 2016 será tranquilo e perfeito. A polícia vai fazer um acordo com os traficantes que será mais ou menos assim: “Deixem a época olímpica em paz e nós deixaremos vocês dominarem o Rio em paz durante um longo período depois”. E o povo comemora. O importante é o final feliz da novela de mentirinha, não importa que serão reféns depois que a cortina do espetáculo fechar.

Meus pais pareciam chatos e duros quando eu era criança. Mas quando eu cresci vi que eles tinham razão. Eles só deixavam eu comer a sobremesa se antes comesse todo o arroz com feijão. Isso me garantiu um crescimento saudável. Eu estaria muito feliz com as Olimpiadas no Brasil se antes disso esse mesmo Brasil tivesse uma justa distribuição de renda, ensino e saúde de qualidade e se a cidade sede dos Jogos Olimpícos não fosse também a cidade sede de tanta familia desfeita por drogas, morte violenta e fonte de hipocrisia e corrupção aliada ao tráfico de drogas. Como eu seria hoje se comesse a sobremesa sem comer antes os legumes? Banguelo, anêmico, obeso, com deficit de vitaminas e achando que posso fazer qualquer coisa quando na verdade não passo de um tremendo idiota. O Brasil devia comer mais arroz e feijão antes de provar a sobremesa.

Quando Lula disse que "não é porque o Brasil tem problemas que não pode sediar uma Olimpiadas" ele enraizou ainda mais no consciente do zé povinho o que move (ou deixa de mover) o brasileiro: A idéia que merecemos as coisas por esmola. “Não somos melhores que Chicago, Madrid e muito menos que Tóquio. Definitivamente não merecemos mais que eles... mas poxa... dá as Olimpiadas de esmolinha ai pelo amor de Deus... somos pobrezinhos... vai...”

Lula chorou quando o Rio ganhou as Olimpiadas. Ele deveria chorar quando visita um hospital público ou anda num onibus nesse mesmo Rio. E não estou dizendo do Rio Zona Sul, cartão postal, lindo, onde quem tem uma certa grana vive feliz e confortável. Estou dizendo dos outros 70% do Rio, esquecidos pelo País porque não são interessantes pra ser cenário de novela (apenas pra ser cenário de filme de chacina policial). O caminho que o turista faz do aeroporto pro hotel não passa por esse Rio que não foi retratado naquele vídeo da campanha. Fernando Meirelles desviou a camera desse Rio, assim ninguém se incomoda. No Rio das Olímpiadas o carioca desse outro Rio que estou falando é tão turista como outra pessoa qualquer.

Mas vamos comemorar! Finalmente o Brasil terá a enorme honra de ter o mundo inteiro olhando só pra ele em 2016 enquanto assiste Estados Unidos, China, Cuba, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Suécia... nos derrotando em nosso próprio solo.

Brasileiro se acha tão feliz e malandro mas no podium dos otários é sempre o recordista.

O progresso acontece quando você perde mais tempo se incomodando com as coisas ruins do que se acomodando com as coisas boas.

Danilo Gentili
FONTE: http://pavablog.blogspot.com/2009/10/rio-2016-8.html

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O REINO DA DELICADEZA


Um desconforto vem me acompanhando há bastante tempo. A dificuldade com que muitos recebem a proposta de uma religião radicada no amor e não no medo, na liberdade e não no patrulhamento moral, na maioridade e não na infantilização.

Ouço de tudo. Aquele que acredita que para algumas pessoas uma espiritualidade baseada na consciência e responsabilidade, frutos livres de uma relação de amor e não de constrangimento, é perigosa, quando não, pouco producente para os engajamentos religiosos. Há pessoas, afirmam com um pragmatismo encabulado, que precisam de regras, coerção e cobrança. Precisam de uma religião legalista. Caso contrário, não conseguem vencer seus vícios e pecados.

Outros desconfiam da liberdade. Pregar um Deus que ama em completa independência do desempenho humano é muito arriscado. Deus também é justiça! A Graça de Deus tem que ter limite. Se a pessoa não tiver medo do inferno, vai fazer tudo o que der na cabeça. Se não souber que existe uma punição divina para os seus deslizes, vai se tornar alguém imoral.

Vejo o descontentamento de alguns com a sugestão de que a imperfeição não é pecaminosa, mas um dom divino que torna a vida significativa e mais bonita. E, apesar de ninguém conseguir uma vida perfeita, esbravejam que Deus não pode abrir mão de que sejamos perfeitos.

Tirando de lado a questão semântica, de que a imperfeição a que me refiro é alusão ao que não está pronto, ao que é livre para ser, ou ao que está sempre em via de se tornar. Liberdade e não inconseqüência, leveza e não leviandade. O que, então, incomoda tanto algumas pessoas?

Por que o anúncio libertador de que Deus não espera de nós a perfeição amedronta alguns?

Desconfio de algo. Se tirarem o medo, ou a culpa, de sua fé, ficam sem fé. Se crer em Deus não for um movimento em busca de blindagem diante da insegurança do mundo, ou absolvição sem fim de uma insuperável culpa, revelam-se incrédulos. Ateísmo desesperado.

A religião a que fomos apresentados é um comportamento motivado pelo medo. Medo de não ser aprovado, o que é o mesmo que não ser amado. Ou medo de estar fazendo a coisa errada e ganhar um destino infernal. Foi a partir desse medo que aprendemos a rejeitar comportamentos tidos como réprobos. Fazemos e deixamos de fazer coisas pelo medo de sermos punidos pela implacável justiça divina.

Mas também medo de ficarmos expostos aos infortúnios de uma orfandade religiosa. Vivemos em um mundo inseguro, que muitas vezes se mostra desfavorável à nossa busca de bem estar. A religião promete um apadrinhamento divino. Foi a partir desse medo e da expectativa de um arranjo sobrenatural para garantir uma vida de exceção que aprendemos a cultuar nossas divindades.

A voz divina que aprendemos a ouvir é ou a voz ameaçadora frente à nossa vida moral, ou a voz de uma barganha com o Céu, que em troca de devoção e obediência, oferece a proteção que poucos tem. Propor uma espiritualidade movida por amor e, portanto, gratuidade não é um remendo possível ao que já tínhamos, mas um novo e levíssimo tecido religioso.

E a metáfora não é minha. É de Jesus. A religião que ele propõe não pode ser colocada como remendo em pano velho, ou vinho novo em odre velho. Em ambos os casos a convivência implicará em ruptura. O vinho novo da gratuidade no relacionamento com Deus exige um novo odre. É muita dinâmica para pouca dilatação. Tecer uma relação baseada no amor reivindica um novo tecido. É muita tensão para pouca resiliência.

Por que muitos reagem agressivamente à proposta de que Deus não espera nossa perfeição, mas tão somente nossa integridade? Porque se tirarmos a voz culpabilizadora de sua fé, ficam com uma fé muda. Sua reação escrupulosa revela a compreensão do que pregamos como uma ameaça à sua fé. Intimidam os olhos assustados e hostis. Cansa ver-se nos olhos de alguns religiosos como um inimigo de Deus. Iconoclasta.

Mas não terá sido a mesma tensão vivenciada por Jesus?

Enxergo a mesma dificuldade em seus discípulos quando Jesus sugere outra lógica para a nossa relação com Deus. No momento mais imponente de seus argumentos. Ressurreto contra toda a injustiça e humilhação de sua morte. Com uma prova material irrecusável, forte, violenta. Irresistível. Com visibilidade incontestável. Jesus afirma que nesta exata hora o melhor será sumir. Substituir a presença irresistível, visível e poderosa pela sutileza de uma brisa: o outro paráclito tem o nome de vento, o Espírito de Cristo ao invés do Cristo ressurreto. Ele diz que sumirá nesta hora para o bem de seus discípulos.

Uma presença delicada e discreta invoca e sensibilidade e cuidados como “não apaguem o Espírito.” “Não entristeçam o Espírito.” “Não resistam ao Espírito.” Uma presença que não nos substitui no enfrentamento da vida. Que não nos infantiliza em proteções excepcionais. Que não manipula comportamentos. Sem regras. Que faz da liberdade o ambiente próprio para a nova humanidade esboçada em Jesus. “Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.”

Somente um Deus com presença discreta, uma quase ausência, é capaz de lembrar-nos de que não somos escravos, mas filhos e não nos esmagar com sua absurda e insustentável grandeza. Daí compreendermos a imagem de Deus permitindo a Moisés ver a sua glória escondendo-o com a mão em uma fenda na rocha. Vê as suas costas, desfilam sua bondade e misericórdia. Tudo de Deus que podemos ter sem sermos desintegrados. Suas costas. Sua ausência de poder e força.

A presença discreta de Deus é a nossa única chance de integridade.

Um Deus discreto é um Deus quase ausente. Uma religião que continua ao substituir seus processos de infantilização é uma religião com pouquíssima religião. A vida proposta por Jesus a Nicodemos, nascida do Espírito, como o vento que ninguém sabe de onde vem e nem para onde vai.

Uma religião com pouco pastoreio e muita tolerância. Com dogmas frágeis e ritos sutis. Que deixa morrer suas instituições para sobreviver sua gente. Que desiste da hierarquia e esconde-se nos santos anônimos. Que ri dos jogos de poder e reverencia os gestos de amor. Que abre os braços, em cruz, para os riscos para não deixar de abraçar os vivos. Acolhimento das angústias e inseguranças das liberdades. Fermentação de humanos.

Um lugar que é menos espaço e mais ajuntamento. Um culto que é menos tempo e mais encontro.

Só uma religião discretíssima sobrevive a um Deus que é Espírito.

Só uma religião discretíssima sobrevive à maioridade dos religiosos.

Elienai Cabral Junior

http://elienaijr.wordpress.com/2009/10/01/o-reino-da-delicadeza/