terça-feira, 27 de abril de 2010

Comunidade dos chatos

Por Ariovaldo Ramos

Em um mundo de relacionamentos descartáveis, se torna cada vez mais difícil atenuar o sentimento de tédio que é comum a todos os seres humanos a partir de uma certa idade. E é fato que as igreja criar programações aos sábados (que muitas vezes são verdadeiros programas de índio) simplesmente para ocupar a mente daqueles que ainda sentem prazer no relacionamento, demonstra o quanto nos privamos dos melhores prazeres que deveriam ser expontâneos na vida; como por exemplo a autêntica COMUNHÃO.

A dificuldade de lidar com pessoas casadas é a tendência que estas possuem em se segregarem das pessoas solteiras, a começar pelo tipo de atividade que preferem se envolver. Parece que as únicas opções existentes, necessariamente envolvem comida e possuem como variação apenas o local: se é na sua casa ou na minha.

Os programas dos solteiros também não são lá essas coisas. Quando não conhecíamos a Cristo, havia prazer em cada conversa com amigos, discutindo o impossível e frequentando lugares não-confortáveis; simplesmente pelo prazer de podermos nos socializarmos com pessoas diferentes. Mas, uma vez que tais pessoas passam para “o lado de cá”, entram para um círculo vicioso que envolve comida e filmes. E os tais ainda criticam os casados por não os acompanharem.

Independente de se somos casados ou solteiros, por que a vida social da maioria dos cristãos está delimitada por atividades rotineiras, previsíveis e desanimadoras? Por que nos tornamos a Comunidade dos Chatos, testemunhas vivas de como é preciso sair de tudo que é divertido para ser cristão? Sinceramente não compreendo isto.

Talvez a resposta esteja em como lidamos com a cultura deste mundo. A cultura é um pilar indispensável das relações sociais e quem a despreza acaba vivendo como se pretendesse sair deste planeta. Obviamente esta é uma decisão idiota, que filia pessoas todos os dias na Comunidade dos Chatos.

Estou cansado de gente que perdeu seu vigor no começo da caminhada. Preciso de desafios e preciso agora. Simplesmente por que as “belezas” deste mundo podem até parecerem atraentes, mas sei que não são para mim.

Não quero e nem vou fazer parte da Comunidade dos Chatos.
Prefiro vadiar por este mundo infernal, em busca de novos amigos.

Quem sabe seja possível encontrar pessoas que tenham a mesma sede da verdadeira COMUNHÃO.

FONTE: ariovaldo.com.br

Jesus - por C.S.Lewis

"Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático - no mesmo grau de alguém que pretendesse ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la."

(C.S.Lewis - Cristianismo Puro e Simples)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ESPÍRITO DE PROSTITUIÇÃO E DE ADULTÉRIO: UM FENÔMENO GLOBAL!

Jesus disse que nos acautelássemos das conseqüências da embriaguês, da orgia e das preocupações deste mundo. Ele disse isto pois a energia liberada pelo mundo afora em razão de tais práticas, haveriam de se tornar uma “pulsão global” no últimos dias.
Com isto Jesus não se referia à prática de tais coisas, o que, do ponto de vista do Evangelho, não têm seu espaço num coração que tenha sido tomado pelo espírito do entendimento da Palavra de Jesus. Na realidade Jesus se referia às “conseqüências” de tais coisas. E mais: o contexto tem a ver com uma conversa Dele com os Seus discípulos, para os quais tais comportamentos obviamente estavam fora de cogitação como prática.

Todavia, as “conseqüências vibratórias” dessas práticas globalizadas — “pois esse dia virá sobre todos os habitantes da terra”, disse Jesus — podem atingir a qualquer um, mesmo que tal pessoa não as pratique. Entretanto, mesmo quem não as pratica, pelo simples fato de habitar a Terra, já as prova como “pulsão” na alma. Sim, passa a conhecer o poder invisível de tais “conseqüências vibratórias”. Assim, se fica sabendo que mesmo quem não se entrega ao torpor de toda sorte de embriaguês, seja a alcoólica, seja a das drogas, seja a dos surtos de grandeza narcisista, seja da embriaguês do poder e da luxúria — ainda assim pode se embriagar por outros torpores também; e os pode experimentar como estranhas pulsões na alma.

Acerca da orgia, não há muitos aplicativos subjetivos para ela, assim como há para a embriaguês; pois orgia, é orgia; e suruba e bacanal, são apenas o que são, sem muitas aplicações subjetivas a serem criadas; exceto aquelas que surgem com aplicativo de natureza de “orgia virtual, bacanal virtual e chat surubentos, etc..., via internet. Já acerca das “preocupações deste mundo”, Jesus diz que elas podem nos engatar na pauta global de aflições e desesperos, os quais são sempre indutores de auto-destruição. Assim, muitas vezes, mesmo sem saber a causa, pode-se ficar fibrilante por tal pulsão global de preocupação; a qual é mais que uma “cultura materialista”. Sendo, de fato, muito mais que isto. Na realidade tudo isto tem a ver com uma acumulação no Inconsciente Coletivo, a qual é usada e devolvida aos homens de modo processado e elaborado pelos Principados e Potestades. Ora, tais realidades invisíveis se manifestam como tesões inexplicáveis, carências insuportáveis, insatisfações sem razão de ser, desejos crescentemente fetichistas; e também como uma ardente vontade de provar, de conhecer, de experimentar, de comer, de ser comido, de se entregar, de se ferrar, de ser literalmente ferrado, de usar e ser usado, etc...— e isto ainda que tais coisas nunca saiam do coração a fim de se factualizarem debaixo do sol.

Todavia, mesmo na subjetividade, elas criam na alma “as conseqüências vibratórias” como fantasia e virtualidade; ou mesmo que seja apenas como um “sentir” — um estado mental, emocional e afetivo ou desafetivo; porém mais que real. Ora, é por essa “presença na alma”, e por tais angustias espalhadas pelas redes visíveis e invisíveis na Terra, que a existência está acontecendo em estado de cío; e a alma se debate em angustias como quem vive no Armagedom da Existencialidade. E, sinceramente, o que vejo — eu que falo de Graça, amor, misericórdia e liberdade — é que está quase todo mundo assim: crentes, incrédulos, cristãos, agnósticos, médicos, psiquiatras, pastores, padres, psicólogos e analistas; assim como todos aqueles que só conhecem prazer como trepada. Sim, estamos vivendo a hora do Cío da Humanidade; e, nesse caso, a vida em Sodoma e Gomorra era muito mais tranqüila.

Ora, tudo isto se exacerba em razão “das preocupações deste mundo”, as quais não são apenas concernentes a comer e beber, mas, sobretudo, ao que se relaciona à sobrevivência da espécie humana na Terra. Sim, a aflição apocalíptica hiperboliza as pulsões dos corações; e substitui amor por tesão apenas; e faz paixão se tornar tão somente fixação; e faz afeto se converter em dependência; e faz amizade ter que ser validada por uma transada; e faz de todo outro do sexo oposto, uma presa a ser devorada. A pulsão da fobia da morte somada à angustia apocalíptica que sopra como vento de ardências de cío global, em razão da ânsia de aproveitar o que resta da existência, está criando a sociedade mais tarada da história.

Em dias do fim, em dias que são os últimos, em dias de amores gelados e perversidades incendiadas pelo inferno, quem sobreviverá sem o “selo do Cordeiro em sua fronte”? Sim, quem passará por esses dias de tribulações crescentes sem que esteja com a mente posta em Deus? Quem, sem o sêlo do Espírito e sem andar no Espírito poderá ficar livre do espírito de morte e dissolução deste tempo? Sim, quem que não esteja com suas emoções guardadas em Deus suportará a Opressão Global que opera como rede do inferno em todo o mundo? Pergunto-afirmando tudo isto porque a “igreja” só tem o sêlo do antigo CGC e a marca da placa na porta. Tal “igreja” já passou para o outro lado e não sabe. Sim, porque a espiritualidade dela não é a do Cordeiro, mas sim a da Grande Babilônia. Infelizmente o espírito dessa potestade apocalíptica tragou a alma da “igreja”. Alguém quer prova disso? Ora, é simples oferecê-la. Afinal, quem pode negar que o salmo destes dias é o seguinte?: O Senhor pertence à minha religião, por isto eu terei todas as coisas. Ele me promete que serei dono de muitas coisas, e me assegura que terei águas cloradas em minhas piscinas de refrigério. Ele me dá ar condicionado para refrigerar meu corpo e assim me provar que, como Seu filho, não tenho que sofrer nem calor. Ele me guia pelos caminhos da vantagem por amor ao meu dízimo e à minha igreja e suas campanhas de prosperidade. Ele me livra de aindar pelo vale da sombra da morte, pois isto não é coisa de um vencedor de Deus, e menos ainda de quem já quebrou as maldições e tem a proteção dos paipóstolos. Sua prosperidade material e Sua promessa de abater meus inimigos me consolam. Ah! Como folgo em saber que Deus é Vingador! Assim, o meu cálice se derrama de fartura para causar inveja aos ímpios. Ele me faz ter a honra de humilhar meus adversários, dizendo-lhes: “Bem-feito!” Certamente que enquanto eu cumprir meus compromissos com a igreja e não faltar a nenhum culto e nem deixar de “pagar” o dízimo, sei que Deus tem a obrigação de me abençoar, e sei que ficarei fora do poder Legal do diabo quanto a oprimir a minha vida e me tirar as riquezas. Afinal, que outra bondade Deus pode fazer ao homem?

O salmo acima é a oração da Babilônia Eclesiástica. E quem a ensinou não foi Jesus, mas o diabo, e conforme o anti-evangelho, que é o espírito do Anti-Cristo. Nós, porém, não conhecemos a Graça de Deus para nos afundarmos na libertinagem do espírito de Cío Global que já vibra e emula quase todas as almas da terra, conforme Jesus disse que seria. Não! Fomos libertos da culpa da Lei e das pulsões de pecado e da promiscuidade que ela, a Lei, incita na alma, NÃO a fim de pendularmos para o pólo oposto, que é a libertinagem; mas para a vida que é boa, equilibrada, solidária, limpa, e saudável. O que não gera isto, é tudo, menos Evangelho! O legalismo pedra a alma! A libertinagem a dissolve! A Graça cria o santo-livre-consciente, e que obedece por amor livre e grato! Assim, quem lê, entenda e escolha! Por isto, continue o santo a santificar-se na Graça que o inclui e o transforma; assim como continue o ser de espírito imundo a atolar-se em sua própria imundície, cercada de auto-engano; e até da libertinagem que tenta evocar a Graça de Deus como álibi para o pecado escolhido como projeto de vida

É duro, mas é verdade!
Nele, com temor e tremor,
Caio

A violência do amor



Por Sandro Baggio


Há alguns anos, uma amiga emprestou-me um livrete chamado The Violence of Love. Era uma coleção de pensamentos do Arcebispo Oscar Romero. Fiquei impressionado com seus pensamentos e procurei conhecer sua história. Esta mesma amiga menciou um filme sobre sua vida, com Raul Julia no papel de Romero. Além de assitir o filme, comprei alguns livros, dentre eles o diário dos dois últimos anos de sua vida e outra coletânea de pensamentos seus que tornou-se um de meus livros favoritos. Oscar Romero é um martír pelo qual passei a nutrir grande admiração.
Hoje faz 30 anos que Oscar Romero foi assassinado enquanto celebrava a missa numa pequena capela em El Salvador. Abaixo estão alguns de seus pensamentos extraídos do livro The Church Is All Of You.

“Como cristãos formados no evangelho,
vocês têm o direito de se organizar,
para tomar decisões concretas baseadas no evangelho.
Mas tenham muito cuidado para não trair
aquelas convicções evangélicas, cristãs, sobrenaturais
na companhia daqueles que buscam outras libertações
que podem ser meramente econômicas, temporárias, políticas.
Mesmo trabalhando pela libertação
junto com outros que possuem outras ideologias,
os cristãos devem apegar-se à sua libertação original.”
(19 de Junho, 1977)

“Não coloquemos nossa confiança
nos movimento libertadores terrenos.
Sim, eles são providenciais,
mas somente se não se esquecerem
de que toda força libertadora no mundo
vem de Cristo.”
(24 de Junho, 1979)

“Eu somente quero ser o construtor de uma grande afirmação,
a afirmação de Deus,
que nos ama
e que deseja nos salvar.”
(25 de Fevereiro, 1979)

“Na medida em que somos igreja,
isto é, verdadeiros cristãos,
encarnando o evangelho,
nesta medida seremos os cidadãos oportunos,
(…) necessários neste momento.
Se nos retrairmos desta inspiração da Palavra de Deus,
podemos ser pragmáticos,
oportunistas políticos,
mas não seremos cristãos
que moldam a história.”
(11 de Novembro, 1979)

“Eu repito o que disse a vocês uma vez quando temíamos ficar sem uma estação de rádio:
O melhor microfone de Deus é Cristo,
e o melhor microfone de Cristo é a igreja,
e a igreja são todos vocês.
Que cada um de vocês,
em seu próprio trabalho, em sua própria vocação (…) cada um em seu próprio lugar viva a fé intensamente
e sinta que em seu ambiente
você é um verdadeiro microfone de Deus nosso Senhor.”
(27 de Janeiro, 1980)

“A violência que pregamos não é a violência da espada,
a violência do ódio.
É a violência do amor,
da irmandade,
a violência que deseja transformar armas
em foices para o trabalho.”
(27 de Novembro, 1977)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Eleições: se posicionando (Parte II)

Por Igor Miguel

A esfera litúrgica (pística na linguagem de Abraham Kuyper, "pisteis" em grego quer dizer fé) é soberana sobre seu papel em conduzir pessoas à adoração, edificação e culto a Deus. Também é na dimensão pística, que a orientação pastoral prepara pessoas com ferramentas da revelação para se engajarem em mundo de caos.

A esfera pública é uma dimensão com soberania própria, com leis estruturais próprias, porém, isto não significa que a esfera pública, não tenha algo a aprender com a esfera pística, com a esfera biológica e assim por diante. O problema é quando uma esfera quer se assenhorar da outra. Como é o caso na idade-média, quando a esfera pística quis submeter todas as outras esferas da criação a seu domínio, quis "liturgizar" a educação, a economia, a arte e tudo foi achatado por esta esfera. Esta lógica não nasceu da Igreja, foi herança do expansionismo imperial de Roma que institucionalizou o que era orgânico. O que era comunitário, tornou-se imperial e centralizador nas mãos de Constantino.

As revoluções humanistas desencadearam a afirmação do sujeito, a privatização e secularização, empurrando tudo que era do universo da fé para dentro do gueto da Igreja. Criou-se então um sistema de crenças "a-religioso", em que os homens investigam as leis da natureza, ignorando o legislador, a mente criativa que as estabeleceu ali.

Na era dos nacionalismos era o Estado tornando-se senhora de tudo, agora o Estado dobrou-se ante a esfera econômica.

A abertura da criação à investigação e à transformação foi visto por muitos cristãos como uma oportunidade. Alguns judeus que já eram envolvidos com as questões "mundanas", se juntaram à grande revolução cultural experimentada pelo mundo. Porém, a maioria dos cristãos, excetuando algumas correntes puritanas e neo-reformadas, aceitaram o discurso moderno e aprisionaram sua vocação às quatro-paredes da vida litúrgica, deixando que o mundo seguisse seu rumo sob os auspícios do deus Ratio (razão) e seu sacerdote Scientiae (a ciência).

Hoje, o cristianismo volta timidamente a ser despertado ao engajamento cultural. Sempre falo para meus alunos de teologia que o "exorcismo" é a parte mais superficial da missão evangelizadora, que a missão deve ser expandida. Pior que tirar o demônio do possesso é tirar as impressões que ele deixa.

O mundo está em processo de desencantamento (ou reencantamento?) e nossa missão é discipular os povos encaminhando-os a uma vida plena, abundante como prometida pelo Messias. Uma espiritualidade engajada com a justiça e com a excelência de uma vida que se santifica para santificar toda criatura sob o teto da soberania de Deus.

O mundo não precisa de professores cristãos, mas cristãos professores, há uma diferença aqui. O primeiro pode ser cristão quando ora antes de sua atividade vocacional, quando se comporta eticamente como cristão. O segundo tem todos estes valores, mas ilumina sua atividade profissional e sua percepção educacional a partir de uma visão de mundo cristã. Sua didática é inspiradora e lúdica, seu planejamento de aula é humanizador, seu olhar e sua forma de considerar os saberes parte do pressuposto de que os homens são imagem de Deus. Sua capacidade de diálogo leva em consideração a "palavra". Um educador cristão não educa mentes, educa pessoas integrais.

Um profissional cristão é um distribuidor de graças, ele "cai na graça do povo", pois é generoso quando abre possibilidades. Quando não monopoliza informação, mas fertiliza culturalmente as pessoas, quando quer transformar discípulos em mestres. Ele vai contra a lógica da competitividade, procurar a cooperação e a integração, criando redes de ajuda mútua.

Um político cristão neste sentido, seria um cristão político. Um cristão engajado na "pólis" (cidade em grego), antenado e intérprete da cidade e de seus cidadãos, seria alguém atento às articulações e às estruturas iníquas e destruidoras dos direitos humanos. Um cristão político não é um proselitista é um discipulador, que instrui e que ensina. Que propõe uma cidade que reflita a Civitas Dei e não a Civitas Diabolis - parafraseando Agostinho. Neste sentido, acima de tudo, deve repensar o conceito de justiça, que mais do que focada no indivíduo, considera-o como um ser integrado a uma comunidade. O direito não é só do individuo, é da comunidade para o indivíduo, do indivíduo para a comunidade dialeticamente.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

QUAL É O BEM DO EVANGELHO EM SUA VIDA?

Porque eu digo que creio no evangelho?

— é a pergunta que todo discípulo de Jesus deve se fazer de vez em quando. Isto porque em fases distintas da vida a gente mantém diferentes perspectivas de quem é Deus para nós, quem somos nós para Ele, e quais são nossas motivações em relação a Deus no que diz respeito ao nosso modo de viver a fé, e, sobretudo, de senti-la e expressa-la no mundo.

A maioria das pessoas pensam que a única maneira de servir a Deus é se dedicando às programações da igreja, a ter gosto por reuniões de oração, e não ter vergonha de “falar de Jesus” a todos os que encontrarem.

O trabalho na vida normal é, para tais pessoas, uma coisa suportável, na melhor das hipóteses. Mas, a maioria, sofre o trabalho, pois gostaria de servir apenas a causa de Deus, que é fazer a igreja crescer, e, assim, dominar a sociedade com a influência dos cristãos.

Enquanto isto, entre os pastores, a motivação para pregar a palavra vai da admiração aos “maiores” líderes, ao querer ser útil a Deus, ao ter um nome entre os grandes, ou porque o indivíduo sente que se ele não defender a verdade, ela corre o risco de se perder na Terra.

Sem falar daqueles que pregam apenas porque precisam faze-lo, pois servem-se desse expediente a fim de ganhar dinheiro.

Não podemos esquecer também do pastor cansado e desanimado, e que prega gemendo, pois, caso pudesse viver sem o dinheiro da igreja, ele mesmo se aposentaria de tudo.

Existem ainda os sinceros, e que pregam com amor aflito e angustiado, pois crêem que se não anunciarem a Jesus, e não plantarem novas igrejas na Terra, o mundo inteiro está perdido, posto que Deus está de mãos amarradas e sem voz no planeta, a não ser que nos disponhamos a falar e agir por Ele.

De um modo geral, a maioria se acostumou a ser “de Jesus”, e não tem nem coragem de perguntar se aquela fé é verdade na vida dele, se realiza em sua existência o bem prometido.

Quando a existência vai se mostrando tão aflita como a de qualquer outro ser humano da Terra, e quando o “benefício espiritual” não se manifesta como amor, alegria, paz, bondade, longanimidade, mansidão e domínio próprio—mas sim como infelicidade, amargura, ânsia persecutória, juízos e frustrações; então, a honestidade manda perguntar: O que está errado? É o Evangelho que não é verdade? Ou será que eu, na verdade, é que não vivo em verdade o que é o Evangelho?

Tem gente que pensa que o Evangelho é o corpo de doutrinas da igreja e seu modo de entender o mundo. Tem gente que pensa que o Evangelho é algo para se ensinar, pois, seria pela propagação da informação que a salvação visitaria a Terra.

Tem gente que pensa que o Evangelho é a igreja, de tal modo que ele mesmo é capaz de se referir ao crescimento da igreja no país como o “crescimento do evangelho”.

O Evangelho é a Boa Nova.

O Evangelho é a certeza de que Deus se reconciliou com o mundo, em Cristo; e que agora os homens podem se desamedrontar, pois foi destruído aquele que tem o poder da morte—a saber: o diabo—; bem como foram libertos aqueles que estavam sujeitos à escravidão do medo da morte por toda a vida.

Quem crer está livre, e pronto para começar a andar na paz. Ora, para se ter prazer em pregar o verdadeiro Evangelho—sem medo, sem ameaça, sem barganha, e sem galardão quantitativo, mas apenas qualitativo—, só se o coração estiver grato e cheio de amor.

Ou seja: só se o indivíduo estiver tão pacificado na Graça, que pregar seja algo tão simples quanto o é para uma mangueira dar seus próprios frutos.

Quando o Evangelho é a Boa Nova que livra do medo, então, anuncia-lo só é possível como puro e simples fruto da alegria e da gratidão contente.

Eu acredito no poder do amor, da alegria, da gratidão e do contentamento. Por tais realidades espirituais é que a Boa Nova pode ser vivida e anunciada sem que a morte participe da motivação.

A alegria de conhecer a Deus é o único motivador que deve motivar a anuncio do Evangelho. Portanto, quando o benefício do Evangelho se manifesta como bem espiritual—e que se expressa como amor, alegria, paz, bondade, benignidade, longanimidade, mansidão e domínio próprio na existência do indivíduo—, então, o seu anuncio não é nunca uma forçassão de barra, mas algo próprio e simples, a gera alegria nos corações dos que ouvem, pois, antes de ouvirem, eles mesmos viram o Evangelho na existência daquele que o anuncia.

O Evangelho é Verdade. Mas só é ele que está sendo anunciado quando o resultado realiza libertação interior, pacificando o coração.

Do contrário, tem o nome de evangelho, mas não é o Evangelho mesmo.

Tem gente que se acostumou à miséria de uma existência sem paz e sem libertação do medo, e continua pensando que isto tudo é culpa do diabo, ao invés de perguntar a si própria: Será que aquilo no que creio é de fato o Evangelho?

Preste atenção: o diabo tem poder, mas não tem nenhum poder quando o Evangelho da Graça liberta a consciência humana do medo.

Deste dia em diante o diabo não participa mais de nossa vida, nem quando a gente peca. Isto porque uma coisa é pecar sem consciência da Graça. Outra é pecar com a consciência da Graça.

No primeiro caso estabelece-se tristeza amargurada. No segundo caso, surge a renovação da consciência, brotando o arrependimento feliz e cheio de produções de vida.

Quando o Evangelho é crido, o medo se vai. Então, o diabo perde seu poder.

Assim, sem medo, o homem pode começar a si negar, pois ele já não tem que negar quem é.

Assim, assumindo quem ele é, morre o “si-mesmo”, que é quem ele não é, mas apenas “demonstra ser”.

Aí, neste ponto, começa a jornada de uma crescente libertação na verdade.

E o resultado é um mergulho cada vez mais profundo na paz que excede a todo entendimento.

Cristãos nervosos afligem-se com doutrinas.

Discípulos de Jesus usufruem a verdade como libertação e pacificação.

Onde há o Evangelho, aí há paz!

Caio