quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Pecado do Orgulho Espiritual

William Gurnall - (1616-1679)

- Uma espécie de orgulho espiritual que cresce como erva daninha no meio do trigo e que Satanás usa para atacar o cristão é o orgulho da graça. Os dons nos são dados para agir; a graça nos é dada para ser. Estamos falando aqui sobre a medida da graça ou dos atributos de santidade que Deus concede a uma pessoa. Sabemos que tudo o que possuímos nesta vida está sujeito à corrupção – nada do que o cristão tenha ou que faça está isento deste verme do orgulho. O orgulho é o maior responsável pelas áreas fracas nas nossas virtudes, que são altamente vulneráveis. Não é a natureza da nossa graça, mas o sal da aliança de Deus que preserva a pureza dela.

De que maneiras, então, pode um santo tornar-se orgulhoso de sua graça?

Primeiro, por confiar na força da própria graça. Confiar na força da própria bondade é ter orgulho da graça. Deste modo você recusa a pobreza de espírito que Cristo tanto recomendou (Mt 5). Somos exortados a reconhecer a própria pobreza espiritual a fim de que nos apoiemos em Deus para toda e qualquer necessidade. Paulo era um homem assim. Ele não se envergonhava de que o mundo todo soubesse que era Cristo o responsável por toda sua provisão: “a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5).

O que aconteceu a Pedro quando ele se vangloriou da força de sua própria graça?“Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu”, jactou-se Pedro (Mc 14.29). Ele se colocou para medir forças numa corrida com o diabo, mas perdeu antes mesmo de sair do portão. Com misericórdia, Cristo permitiu que Satanás pisoteasse a graça particular de Pedro para revelar-lhe sua própria natureza e para derrubá-lo da exaltação do seu orgulho.

Ore para que Deus seja igualmente misericordioso com você se você começar a subir a escada dos próprios sucessos espirituais. Joabe observou que estava crescendo em Davi o orgulho pelo poder do seu reino, levando-o a querer recensear a nação; foi por isso que disse ao rei: “Ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes ... mas, por que deseja o rei meu senhor este negócio?” (2 Sm 24.3). Pode um cavalariço orgulhar-se de exercitar o cavalo do seu patrão ou um jardim jactar-se porque o sol brilha nele? Não deveríamos nós dizer a respeito de cada gota de bondade o mesmo que o jovem discípulo de Eliseu disse a respeito da sua machadinha: “Ai, meu senhor! ela era emprestada”? (2 Rs 6.5).

Confie na força de seus próprios atributos de santidade, e você começará a relaxar em seus deveres para com Cristo. Reconhecer que é fraco faz com que você não se afaste muito dele. Quando você vê que sua própria despensa está vazia e tudo o que precisa está na dele, com mais frequência buscará suprimento nele. Mas quem pensa que pode tomar conta sozinho de si mesmo diria: “Tenho mais do que o suficiente para me sustentar durante muito tempo. Aquele que tem dúvida que ore; a minha fé é forte. Que os fracos busquem ajuda em Deus; posso muito bem cuidar de mim mesmo”. Que situação lamentável, supor que não precisamos mais da graça de Deus para nos sustentar minuto a minuto.

Superestimar a força de nossa própria bondade não somente nos induz a desprezar a ajuda de Deus, como também nos torna imprudentes, temerários e ousados. Quem se gaba da própria espiritualidade é capaz de se colocar em toda espécie de situação perigosa e, depois, ainda sair se vangloriando que é capaz de se dar bem nelas. Acha que está tão firme na verdade que uma equipe inteira de hereges não seria capaz de demovê-lo do caminho. Vai a lugares que não deveriam ser frequentados por cristão algum, ouve coisas que nenhum cristão deveria ouvir – enquanto continua insistindo o tempo todo que ainda que outros possam trair a Cristo em tais circunstâncias, ele nunca o abandonará. Pedro demonstrou essa mesma confiança tola na véspera da crucificação do nosso Senhor, e você sabe como ele se saiu. Sua fé poderia ter sido totalmente destruída no mesmo instante se Jesus não o tivesse resgatado com seu olhar de amor.

Confiança arrogante na força da própria graça também fará de você uma pessoa crítica e antipática para com os irmãos que reconhecem que são fracos – e esse é um pecado extremamente indecoroso. “Se alguém for surpreendido nalguma falta”, diz Paulo, “vós, que sois espirituais, corrigi-o com o espírito de brandura” (Gl 6.1). E se você quer saber por que você, que se considera acima de qualquer repreensão, deveria se abaixar para ajudar um irmão caído, eis uma excelente razão: “guarda-te para que não sejas também tentado”.

Deus o adverte contra a espiritualidade superconfiante. O que torna os homens descaridosos para com os pobres? Pensar que nunca serão pobres. O que faz os cristãos julgarem os outros tão severamente? A confiança na própria bondade, achando que nunca cairão. Bernardo costumava dizer, sempre que ouvia a respeito de qualquer pecado escandaloso de um irmão: “Ele caiu hoje; amanhã quem pode tropeçar sou eu”. Oh, que todos nós tivéssemos esse mesmo espírito de humildade!

Um segundo modo de nos tornarmos orgulhosos da própria graça é apoiar-nos no valor da nossa graça – pensando que podemos ser suficientemente bons para agradar a Deus. A Escritura chama a graça inerente de “justiça própria” e a coloca em oposição à justiça de Cristo, que é a única chamada de “justiça de Deus” (Rm 10.3). Quando confiamos na própria graça, estamos exaltando-a acima da graça de Deus. Se ela realmente fosse superior, então um santo poderia dizer ao chegar no céu: “Esta é a cidade que eu construí, comprada pela minha graça”.

Isto faria de Deus um inquilino, e da criatura, o senhorio! Ridículo? Entretanto, é exatamente esta a atitude que demonstramos quando procuramos obter a aceitação de Deus por meio dos próprios esforços. Como é que o Deus do universo suporta com tanta paciência tamanho orgulho em criaturas tão humildes!

Se você tem algum entendimento da Palavra de Deus, sabe que Deus determinou que nossa salvação fosse obtida por um método muito diferente daquele que é baseado no esforço. É, de fato, um método de graça – mas nunca da graça do homem. Pelo contrário, é a graça divina de Deus. Qualquer graça inerente em nós tem sua importância e sua função de “acompanhar a salvação” (Hb 6.9), mas nunca de obtê-la. Isso é obra de Cristo, e somente dele.

Quando Israel aguardava o Senhor no Monte Sinai, havia a demarcação de fronteiras. Ninguém podia subir a montanha para falar com Deus, com exceção de Moisés. Não podiam nem tocar na montanha, senão morreriam. Eis aqui uma metáfora espiritual da nossa graça. Todas as graças são concedidas para aperfeiçoar nosso serviço para Deus, mas nenhuma delas pode substituir a fé como base para ser aceito por Deus. Fé – desonerada das obras – é a graça que deve apresentar-nos a Cristo para a salvação e purificação.

Essa doutrina da justificação pela fé foi mais atacada do que qualquer outro ensinamento das Escrituras. Na verdade, muitos outros erros foram apenas estratégias astutas do inimigo para chegar mais perto e minar essa doutrina fundamental. Quando Satanás não consegue esconder essa verdade, ele se empenha para evitar sua aplicação prática. Por isso você pode ver cristãos que defendem a justificação pela fé, enquanto a atitude e as ações deles contradizem tal profissão de fé. Como Abraão, quando procurou Hagar, eles tentam realizar o propósito de Deus através de um plano carnal. Todos esses esforços que parecem tão nobres, na realidade são ilegítimos porque estão alicerçados no orgulho.

Em última análise, a vanglória das próprias capacidades é o que faz você continuar se esforçando para ser justo. Você tenta sempre orar mais intensamente, empenhar-se para ser um cristão melhor e lutar para ter mais fé. Você continua dizendo para si mesmo: “Posso conseguir!”. Mas logo descobrirá que sua própria graça é insuficiente até para a menor das tarefas, e sua alegria se esvairá pelas frestas dos seus deveres imperfeitos e suas graças enfraquecidas. A linguagem do orgulho relaciona-se com a aliança de obras. A única maneira de escapar dessa armadilha é deixar a Nova Aliança romper as cordas da antiga e reconhecer que a graça de Cristo supera em muito as obras da lei.

Satanás usa dois tipos de orgulho para fazer-nos continuar confiando no valor da graça própria. Um deles eu chamo de orgulho mascarado; o outro, de orgulho de autoelogio.

Orgulho mascarado anda na ponta dos pés, disfarçado de humildade. É o orgulho da pessoa que chora e se lamenta por causa de sua vil condição, mas que se recusa a ser confortada. É verdade – nenhum de nós é capaz de descrever seus pecados de modo a mostrar quão negros realmente são. Mas pense no quanto desfaz a misericórdia de Deus e o mérito de Cristo quando você diz que não são suficientes para comprar o seu perdão! Não existe uma maneira melhor de mostrar seu senso de pecado do que caluniar o Salvador? Você não quer sentir-se devedor a Cristo porque ele comprou sua salvação, ou é orgulhoso demais para pedir-lhe perdão?

Que orgulho terrível é um mendigo passar fome para não pedir esmolas a um homem rico, ou um criminoso condenado escolher a morte no lugar de aceitar o perdão da mão de um governante compassivo. Contudo eis aqui algo ainda pior – uma alma definhando e perecendo no pecado rejeitar a misericórdia de Deus e a mão de Cristo estendida para salvá-la. Deus afirma que não há ninguém que ele não possa salvar. Se você persiste em sua atitude de denegrir a si mesmo, está chamando Deus de mentiroso. Você foi ludibriado para acreditar que suas lágrimas purificam mais do que o sangue de Cristo.

Uma outra forma de orgulho espiritual que demonstra que está confiando no valor da própria graça é o orgulho de autoelogio. Isso acontece quando o coração se eleva secretamente e diz de si mesmo: “Eu posso não ser perfeito, mas com certeza sou melhor do que a maioria dos cristãos que conheço”. Esse tipo de visão interior é adúltero – ou, melhor dizendo, idólatra. Cada vez que você contempla sua justiça própria com tal atitude interior de admiração e confiança, está cometendo de fato uma grande iniquidade. É chegar à porta do céu com uma chave antiga quando Deus já trocou a fechadura.

Se você é verdadeiramente um cristão, precisa reconhecer que sua entrada inicial na posição de justificação foi por pura misericórdia. Você foi “justificado gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Tendo sido reconciliado, a quem você é devedor agora – à sua própria bondade, à sua obediência, a você mesmo – ou a Cristo? Se Cristo não dirige tudo o que você faz, com certeza encontrará a porta da graça fechada. “Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.17). Não somente fomos vivificados por Cristo, mas também vivemos por ele. O caminho para o céu está pavimentado com graça e misericórdia, do começo ao fim.

Por que Deus insiste tanto em que usemos a sua graça em vez da nossa? Porque ele sabe que a nossa graça é inadequada para a tarefa. Esta é a verdade: confiar na própria graça somente nos traz dificuldade e dor de cabeça; confiar na graça de Deus traz paz e alegria permanentes.

Em primeiro lugar, confiar na própria bondade, no fim, a destruirá. A graça inerente é fraca. Obrigue-a a suportar o jugo da lei e, mais cedo ou mais tarde, ela desmaiará pelo caminho, inadequada para a tarefa de puxar a pesada carga da velha natureza. É do jugo de Cristo que você precisa, mas você não pode recebê-lo até que jogue fora aquele que o prende às obras.

Isso é feito através de renunciar a toda e qualquer expectativa quanto a você mesmo. Se você é um daqueles que afirmou durante anos que era cristão, apesar de ver pouco fruto em sua vida, talvez deveria cavoucar com mais profundidade até a raiz de sua profissão de fé e descobrir se a semente que plantou foi cultivada no solo estéril do legalismo. Se foi assim, arranque-a imediatamente e replante sua alma num campo fértil – a misericórdia de Deus.

Davi nos relata como veio a prosperar ao passo que alguns que eram ricos e famosos de repente secaram e morreram: “Eis o homem”, disse ele, “que não fazia de Deus a sua fortaleza, antes confiava na abundância dos seus próprios bens... Quanto a mim, porém, sou como a oliveira verdejante na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para todo o sempre” (Sl 52.7-8).

Você não somente esmaga sua graça, fazendo-a carregar o peso da sua salvação, mas também se priva do verdadeiro conforto em Cristo. O conforto do evangelho jorra de uma raiz do evangelho, que é Cristo. “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp 3.3).

O primeiro passo para receber o conforto do evangelho é mandar embora todos os nossos próprios confortadores. Um médico pede ao seu paciente que pare de ir a todos os outros médicos que mexeram com sua saúde, e que confie somente nele para obter a cura. Na qualidade de médico espiritual, o Espírito Santo pede que você mande embora todos os antigos doutores – todos os deveres, todos os outros tipos de obediência – e que se apóie somente nele.

Você tem um clamor que sai das profundezas por uma paz interior? Então verifique de que tipo de recipiente você está tirando seu conforto. Se for o recipiente da própria suficiência, o suprimento é finito e muito em breve irá secar. Ele é misturado e diluído e, por causa disso, não é nutritivo. Acima de tudo, é uma fonte roubada se você afirma que vem de si mesmo e não o reconhece como um dom de Deus. Agora pense: que tipo de conforto você pode obter de mercadorias roubadas? E que tolice é brincar de ladrão quando seu Pai tem muito mais para lhe dar e muito melhor do que tudo que você poderia surripiar numa vida inteira! Que engano engenhoso de Satanás – fazer-nos dispostos a roubar, mas orgulhosos demais para pedir a misericórdia das mãos de Deus.

Extraído de The Christian in Complete Armour, Volume One (O Cristão com Armadura Completa: Volume Um) por William Gurnall (1616-1679)

FONTE: www.mayflower.com.br

Intimidade com Deus

JESUS PARA OS ÍNTIMOS
INTIMIDADE COM DEUS

“Nele [em Jesus] habita corporalmente TODA a plenitude da Divindade”. (Colossenses 2.9). (destaque meu).

Este texto aparentemente não tem nada a ver com o tema supracitado. Isto, porém, é só o que parece ser, mas não é. Na verdade há uma ligação íntima entre o texto e o tema. Ambos estão interligados.

Eu explico: É que a Carta de Paulo aos colossenses foi escrita para proteger a Igreja de Jesus, em Colossos, dos falsos ensinos que tentavam, já naquela época, se infiltrar na Igreja. Gnosticismo é o nome dado comumente a este sistema falso de doutrina. Era uma mistura de práticas judaicas, filosofia e misticismo gregos. Um sincretismo religioso.

Dentre seus vários ensinos, havia a crença fundamental de que o princípio do mal estava na matéria. A matéria sendo má, Deus não poderia ter contato com a Terra e tudo o mais que nela existe, inclusive o homem. Nem mesmo poderia tê-los criado. Para isso, Ele, então, criou emanações ou deuses menores (sub-deuses) e de poder inferior, que por sua vez, criaram outras emanações cada vez mais inferiores até que todas as materialidades existentes viessem a existir. O homem, por ser revestido de matéria, era tido como a criatura mais distante e necessitada do conhecimento de Deus.

Para os gnósticos, Jesus não era Deus, e sim uma daquelas emanações (sub-deus), visto ter ele participado da natureza humana, da materialidade - origem do mal.

Assim, Deus jamais se humanizaria e se revelaria ao homem sob o risco de se contaminar com o mal (a matéria). O homem é quem deveria desesperadamente ir ao encontro de Deus. E para que este homem alcançasse a plenitude e a intimidade com Deus, necessário seria que ele empreendesse um esforço próprio e adquirisse um conhecimento (gnose) especial, secreto, destinado somente aos “iniciados”; atentasse para certas práticas judaicas como a observação de dias, festas e alimentos (legalismo); cumprisse algumas regras de privação do corpo – “não toque! não manuseie! não prove!” (ascetismo); e, tivesse experiências extáticas – “visões, culto dos anjos” (misticismo). Cl 2.16-23.

Mas o que isso tem a ver com intimidade com Deus?

Bem, foi nesse contexto que Paulo escreveu aos colossenses dizendo: “Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo. Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e nEle, que é o cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude”. Cl 2.8-10. Outra versão, no verso 10 (parte sublinhada), diz: “nEle vocês estão aperfeiçoados”.

O que o apóstolo Paulo está querendo dizer, aos irmãos de Colossos e a nós, é o seguinte:

1) Não somos nós que vamos a Deus (como queriam os gnósticos com suas práticas). Deus é que veio a nós na pessoa de seu Filho Jesus;

2) A intimidade, a comunhão, a salvação, não se consegue por esforço próprio, mas sim pela graça de Deus. (Deus nos amou e enviou seu Filho);

3) Quem crer em Jesus já tem intimidade, comunhão, e a plenitude de Deus, pois “em Cristo habita TODA (não só uma parte) a plenitude de Deus” e quem crer em Jesus possui, também, aqui e agora, toda a plenitude, plena comunhão, e intimidade com Deus. É isso que está escrito no verso 10: “nEle [em Jesus] vocês receberam a plenitude”. Ou como diz n’outra versão: “nEle [em Jesus] vocês já estão aperfeiçoados”;

4) Em Cristo não nos falta mais nada. NEle estamos perfeitos, plenos. Se alguém não crê nisso, também não crê na Bíblia;

5) O íntimo de Deus é aquele que creu em Jesus.

6) Só existe um que foi perfeito – Jesus. E para nós só existe uma maneira de sermos perfeitos nesta vida – é ser perfeito nEle. É isso que Paulo está dizendo. A perfeição já é algo alcançado em Cristo Jesus. É evidente que nosso estado real, nesta vida, é de imperfeição e sempre será enquanto aqui vivermos. Por isso mesmo é que somente em Cristo é que temos a perfeição, a plenitude, a plena intimidade com Deus. Creia nisso!

7) Quem está buscando intimidade com Deus é porque ainda não tem intimidade com Ele. Não creu como deveria crer. Está diminuindo a pessoa de Cristo e lançando mão de meios humanos para conseguir aquilo que, em Cristo, nós, os que cremos, já possuimos.

8) Paulo dizia que a espiritualidade dos gnósticos era infantil, imatura, ABC (“rudimentos”, “princípios elementares”), pois eles buscavam uma perfeição, uma comunhão, uma intimidade que, em Cristo, os crentes de Colossos já possuiam.

9) Na passagem de um ano para o outro é comum vermos pessoas buscando nos videntes, pais de santo, nas leituras de mãos, nas cartas, nos astros,... como será o seu futuro: se vai se dá bem no amor, na vida financeira, etc. Isso também é uma espiritualidade infantil. Isso porque eles buscam alcançar algo que, para quem tem Jesus, já é algo alcançado. Enquanto eles buscam oscilantemente saber se vão se dá bem no futuro, o cristão sabendo que sua vida está nas mãos de Deus, já sabe que seu amanhã é de paz, mesmo quando as ciscunstâncias sinalizam o contrário, pois “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu decreto”. Este versículo é seletivo, é só para os que são chamados por Deus. É para os que creem em Jesus. Você crê? Então você não precisa de consultar advinhos, pois seu futuro está seguro em Cristo. Eles, os advinhos, nada sabem. Dizem que sabem, mas não sabem. E você também sabe que eles não sabem.

10) Hoje no meio evangélico tem-se falado muito em INTIMIDADE com Deus. Isso está nas músicas, nos livros, nas mensagens, etc. Expressões como “apaixonados por Deus”, dsesesperados por Deus” tem sido ouvidas com frequência. Eu digo como Paulo: “Cuidado!” (Cl 2.8). Cuidado, digo, para que ninguém se utilize de recursos humanos, de esforço próprio, para querer obter essa intimidade, e deixe de buscá-la em Cristo. Não há coisa que me deixa mais apaixonado por Jesus do que saber que, nEle (não me canso de repetir), já tenho intimidade com Deus, nEle estou aperfeiçoado. Aleluia! Isso é maravilhoso. “Justificados, pois, PELA FÉ, temos PAZ [porque não dizer “temos comunhão, intimidade”] com Deus, POR MEIO de CRISTO JESUS”. Rm 5.1.


“Jesus eu quero deitar no teu colo...lá, lá, lá...”. (lembram?).


Duvido você dá um grito de júbilo aí onde você está agora! (faça somente se vc entendeu e não porque eu sugerí).


Um beijo pra todos.

Ismar

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Porque eu desisti de ser evangélico.



Não quero ser polemico. Também não desejo soprar aos quatro ventos que “descobri a roda!” e, principalmente o assunto em questão não é novidade para as pessoas que giram na órbita da Vineyard Café. Trata-se do registro de uma constatação de quase dez anos da minha peregrinação cristã.

Sistematizei porque assim funciono melhor. Isso tem sido assunto recorrente em nossa comunidade e temos procurado vivenciar isso.

As razões pelas quais eu desisti de ser evangélico:


1. Entendo que “a igreja evangélica não existe. O que existe são centenas e milhares de comunidades cristãs evangélicas, são centenas e milhares de comunidades locais e, estas centenas e milhares vão se agrupando em tribos e, vão desenhando acampamentos. Dentre estes acampamentos alguns tem mais expressão ma mídia televisiva, radiofônica, impressa e, vão construindo a partir daí, uma identidade de ser evangélico, um senso comum evangélico, que se torna hegemônico”. (observação de Ed Renne Kivitiz). E foi em reação a esse senso comum evangélico, a esse crer e viver evangélico que me rebelei.

2. Entendo que a chamada igreja evangélica brasileira precisa de mudanças profundas e significativas na sua realidade, para que passe a ter relevância nos dias de hoje e tenha sua agenda mais próxima a agenda do Reino.

3. Entendo que há uma diferença entre Espiritualidade (A relação com o que dá sentido ultimo a existência, que chamamos de Deus.
Aquilo no ser humano que nos liga ao eterno, ao transcendente. Aquilo pelo o que estamos dispostos a perder a própria vida, para encontrar sentido. Aquilo que é ultimo. A realidade suprema da vida. Nós cristãos chamamos de Deus. A busca disso é espiritualidade). E Religião (O conjunto de dogmas de ritos, códigos morais, que fazem distinções entre sagrado e profano dentro do qual organizamos nossa vivencia de espiritualidade). Assim, religião é uma coisa, espiritualidade é outra coisa. Religião é a forma como nós estruturamos e organizamos nossa espiritualidade.

4. Entendo que há uma diferença entre Deus (Que não tem medida, não explicação. O ser eterno. O “Eu sou o que sou...”) e a Teologia (ferramenta que utilizamos para entender Deus, para torná-lo mais próximo, acessível, inteligível). Deus extrapola as categorias de nossa teologia, extrapola nossos códigos doutrinários. Deus esta acima da teologia. Isso significa que eu posso discordar da teologia!Não concordo com um monte de coisa do Calvino. Não concordo com um monte de coisa dessa teologia ridícula que se consome no Brasil. Aprendi a distinguir Deus dos discursos que são feitos a respeito de Deus.

5. Entendo a diferença entre cristianismo (o conteúdo essencial da vida e obra dôo Cristo) e cristandade (as formas históricas do cristianismo).
A cristandade é sub-cultura do cristianismo. Ter denominação é cristandade. Ser evangélico é cristandade e não tem nada a ver com cristianismo. E chegou uma hora que eu cheguei a conclusão que a igreja evangelica no Brasil é uma péssima expressão do cristianismo. Não quero questionar aqui, se este modelo está certo ou errado. O que sei é que este modelo não me define mais. A expressão “evangélico” não mais me traduz nos quesitos de fé, nos quesitos de celebração e liturgia, nos quesitos de códigos morais, não mais me traduz.

6. Entendo que há uma distinção entre Comunidade Cristã (a comunhão dos cristãos a serviço do Reino de Deus) e a Instituição Religiosa (a organização a serviço dos cristãos). A instituição religiosa – vineyard café – é uma pessoa jurídica. A comunidade cristã se reúne em baixo da arvore se for preciso. Na nossa caminhada chegou uma hora que a comunidade cristã cresceu tanto que precisamos da estrutura da instituição para nos servir. A instituição religiosa é uma coisa, o corpo de Cristo é outra coisa.

Hoje, quando digo: “sou evangélico”, estou dizendo uma coisa que vai despertar no imaginário de quem ouve uma identidade que absolutamente não tem nada a ver comigo.

E, antes que você pense que estou abandonando minha fé, quero informar que não! Continuo amando Jesus, continuo procurando fazer Sua vontade, continuo pastoreando e servindo pessoas numa comunidade local. Apenas, estou abandonando uma versão da cristandade que não me define mais. Só isso.

Esse caminho tem sido doloroso e difícil, porque é a contra mão da igreja nesse momento da história do nosso País. Mas não abro mão dele.

No Pai .

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Acerca da homossexualidade...

Mensagem:

Estimado irmão e amigo,

A Paz de Cristo seja contigo e com todos os seus.

Gostaria se saber qual seria a postura ética, dentro de uma perspectiva bíblico-teológico-cristã, que um psicólogo cristão deve assumir frente a questão apresentada por um cliente que diz ser homossexual, visto que segundo Resolução do Conselho Federal de Psicologia, o Homossexualismo não deve ser tratado como uma "doença" ou "distúrbio", ficando proibida qualquer terapia que vise modificar o comportamento do cliente ou que contrarie a sua opção.

Nesse caso, como ser ético sem ferir os princípios de Cristo?

Um grande abraço,

Rodi

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Rodi, querido: Graça e Paz!

Um psicólogo não pode cobrar para atender se o negócio dele é “pregar”. A missão de um psicólogo é ajudar as pessoas a se enxergarem não a de enxergar por elas. Quem não puder fazer isto com sabedoria e bom senso não está apto para ser psicólogo e, muito menos, para cobrar pela consulta. Se esse for o caso, o psicólogo que não aceita tratar a questão com a paciência de quem não decreta deveria ser a de colocar uma placa dizendo: Aceito qualquer caso, desde que não seja homossexualismo.

Essa é uma questão difícil, mas foi feita maior do que é. Jesus disse: Há aqueles que nasceram eunucos. Há os que os homens fizeram eunucos. E há os que a si mesmos fizeram-se eunucos por causa do reino de Deus. Ele, porém, concluiu dizendo: Nem todos estão aptos para este entendimento.

O eunuco é alguém que nasceu com a supressão de sua sexualidade, ou que foi objeto de tal supressão, ou ainda alguém que não desejando usar sua sexualidade como ato sexual, suprimiu-a por conta própria. Nem todos estão aptos para isto.

O que observo é que as igrejas estão cheias de homossexuais, os seminários e os ministérios pastorais também. (...) Este mundo é caído, e todos experimentamos as deformidades da queda de um modo ou de outro.

O sexo virou o pior pecado na lista cristã religiosa, mas aos olhos de Deus a inveja, a cobiça, as inimizades, as porfias, as facções, etc figuram na mesma lista de defeitos essenciais: obras da carne. Pecado é o que Deus imputa e, de fato, só Ele sabe o que imputa e a quem imputa. Nem todos estão aptos para este conceito também apesar do salmo 32 e de seu aplicativo em Romanos 3 e 4.

Uzá não pôde tocar na Arca, nem para ajudar caiu duro de morto. Morreu de culpa e medo.
Davi dançava diante dela, e também comeu do pão que não era pela lei permitido que se comesse e nada lhe aconteceu.

O que quero dizer com isto? Primeiro digo que Deus é o Deus de todos os indivíduos e não há ninguém na terra para cumprir o papel de vice-Deus. Também digo que na camuflagem evangélica só cresce mais doença como perversão. Como o tema é Tabu então nem se fala nele e nem se o abre, pois quem o faz vira leproso filho do inferno, etc...

O que acontece então? Os piores homossexuais que conheço são crentes. São os mais promíscuos e os mais tarados. São os que mais praticam o sexo casual e descomprometido dissolvendo cada vez mais suas almas e estragando de maneira horrível o seu ser sua alma!
Acabam se tornando capazes de votar numa “sessão” de “disciplina” pela condenação de um “colega de inclinação”— apenas porque o seu próprio caso ainda não ficou conhecido, ou jamais ficará; afinal, há muitos camaleões nas igrejas, tanto nos bancos, quanto também nos púlpitos!

No curso dos anos já encontrei todos os tipos de homossexuais na igreja, inclusive psicólogos, que são “rápidos no diagnóstico da doença”, até porque os iguais se identificam logo mas que têm “casos” com alguns de seus próprios clientes. Alguns psicólogos e psicólogas cristãos fazem assim. Não peça para eu mencionar nomes, seria um estrago! Jamais faria isto, não seria ético

O que creio é que tudo o que se manifesta é luz — conforme disse Paulo. Eu gostaria que todos os homens gostassem de mulher e que todas as mulheres gostassem de homem, conforme a ordem da criação. Infelizmente, nem sempre é assim.

O que eu faço? Bem, nunca encontrei um único homossexual que goste de sê-lo apenas por ser. A maioria “assumiu” mas gostaria de não ter tido que assumir. De fato, gostariam mesmo era de nem ter sentido “a coisa” nas entranhas da alma.

O que faço? Ajudo as pessoas a se enxergarem em Cristo. Mostro que Romanos 7 cabe tanto em “Paulo” como também em “Paula”. A dor é a mesma. Só os que não se enxergam é que pensam que as condições são diferentes aos olhos de Deus. Os homens fazem distinção entre pecado e pecado. Para Deus todos pecaram.

O que faço, então? Ajudo o individuo a chegar a Romanos 8. A livrar-se da condenação. Sem justificação não há paz e sem paz não cura ou apaziguamento psicológico para ninguém.
A culpa apenas aumenta o agravo e aprofunda a doença, e esta não é uma condição apenas de homossexuais mas também de qualquer outra condição humana. Eu não sou pecador porque peco, eu peco porque sou pecador!

O que tenho visto é que quando as pessoas são tratadas assim, na maioria das vezes, com o passar do tempo elas acabam se fazendo eunucos por amor ao reino de Deus. Mas como Jesus disse, nem todos estão aptos. E, a maioria não está apta nem para ouvir esta verdade, e eu não temo dizer o que digo, pois, seja Deus verdadeiro e eu mentiroso, mas a Palavra da verdade não pode ser falsificada por conveniências.

E como não creio que a salvação seja uma aptidão humana prego a Cruz e ajudo o individuo a caminhar pois creio no Espírito Santo e creio que todo aquele que ouviu a Voz do Chamado para crer deve crescer e se entender com Aquele que o chamou. Cada um ande conforme foi chamado, mas se tiver uma chance de libertação, que a abrace, conforme sugeriu Paulo em I Coríntios 7.

Aquilo que o homem semear, isto também ceifará. Portanto, quanto mais culpa, mais pendor para a carne e para a morte; e quanto mais fé e confiança na Graça de Deus, mais haverá pendor para a Vida. Se eu advogasse o homossexualismo como padrão, eu mesmo seria um deles. Todos mundo sabe, entretanto, que minha mais intrínseca vocação instintual segue em outra direção.

Isto torna as coisas mais fáceis para mim? É claro que não! Os que me julgaram e julgam que o digam!

O que sinto é compaixão e não julgo a alma de ninguém e nem me afasto de ninguém que seja “diferente”, desde que eu enxergue em sua “essência” a semelhança de Deus e, certamente, verei que ele não é diferente de mim nem para o bem e nem para o mal. Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo!

Haverá um limite para essa compaixão? Creio que não.

Há um limite para a ação ministerial de alguém que viva tal angustia na carne? Creio que sim!

Eu, por exemplo, não ordenaria ao ministério pastoral um homossexual, tanto quanto Paulo diz para não fazer de um bígamo, um bispo. E, por que? Ora, no mundo de Paulo a bigamia era normal como o é muitos lugares e culturas. E como o Evangelho é para todos — e cada um venha conforme foi chamado — então que seja para todos mesmo.

Todavia, Deus não criou Adão, Eva e Evita e nem tampouco Adão e Adamor. Portanto, indicar Adão e Eva como referencia relativa de saúde humana é o modelo do princípio. Adão e Eva pecaram, mas continuam a constituir o modelo humano de intimidade e vinculação.
No mais deixo Adão e Adamor ouvirem, crescerem, conviverem e se sentirem amados.

E sabe o quê? Ninguém piora quando é tratado assim! A verdade dá testemunho disto a meu favor. E, com certeza, ninguém vai querer que eu diga nomes. Jamais o faria, e os hipócritas sabem disso. Confiam na minha sinceridade nas confissões.

Daí, com a maior cara de pau, eu ver toda hora muita gente não dizer ou escrever certas coisas olhando nos meus olhos, mas ouço as bombásticas declarações que fazem para os outros com a cara mais pedrada. Esses sim, estão doentes e adoecendo a muitos.

A Graça de Deus não gera libertinagem nunca. E, se alguém não se ajudar e não for ajudado na Graça do Espírito do Evangelho de Cristo não o será por mais ninguém e por nenhum outro poder da Terra.

Mas nem tudo acontece no “tempo e nos prazos” da igreja. Tem-se que ter amor, paciência e graça para andar com os irmãos nisto incluo a mim e você. Com todo carinho e com todo o amor da Cruz é que digo tudo o que digo. E que ninguém ponha em minha boca o que eu não disse.

Quem o fizer entenda-se com o Juiz de Vivos e de Mortos, que também é o Senhor de todos os viventes.

Em Cristo, o salvador de ladrões e amigo de pecadores,


Oliveira de Araújo