domingo, 2 de maio de 2010

Evangelizar ou fazer prosélitos?

por Costa Moreira

Uma busca pela Wikipedia e encontramos a seguinte definição sobre o que é proselitismo: "O proselitismo é o intento, zelo, diligência, empenho ativista de converter uma ou várias pessoas a uma determinada causa, ideia ou religião". Buscando por evangelização, encontramos: "Evangelismo ou Evangelização é a pregação do Evangelho Cristão e, por extensão, qualquer forma de pregação e proselitismo, com fins de adquirir adeptos, produzir conversão ou mudanças de hábitos, crenças e valores". Percebe-se uma clara confusão entre os dois conceitos: evangelizar e fazer prosélitos, como se fossem sinônimos. Não são.

Ainda na Wikipédia, encontramos uma outra definição para evangelizar: "é fazer a Palavra de Deus chegar ao conhecimento do povo". Mas para fazer a Palavra de Deus chegar ao conhecimento do povo é preciso mesmo converter alguém a alguma religião? Afinal, a qual religião Jesus convertia as pessoas em suas pregações sobre o Pai? Quem acredita na Bíblia como a infalível Palavra de Deus, não pode deixar de ler: "A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo" (Tiago 1-27). E pare de fazer proselitismo e vá evangelizar!

Evangelizar transcende o "ser o evangelho". Até porque nenhum de nós "é" plenamente o Evangelho. Quem pensa em si mesmo como santo, ainda assim, faz proselitismo. Sobre proselitismo, que é confundir a Palavra de Deus (Evangelho) com os dogmas de sua própria religião, assim disse Jesus: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós" Mt 23-15.

O primeiro passo para se tornar um verdadeiro evangelizador é abdicar da falsa santidade, aquela das mãos sempre ao alto e corações eternamente elevados. Somos humanos; em alguns momentos sentimos raiva, em outros sentimos alegria. Algumas vezes somos mesquinhos, em outras generosos. Não podemos pretender sermos santos todo o tempo. A questão é: como lidaremos com aqueles momentos em que nos distanciamos do Pai, seja pela raiva ou qualquer outro sentimento negativo? Como poderemos minimizar tais sentimentos e sensações usando o que aprendemos com o mestre Jesus? E como ensinaremos isto ao irmão? Eis aí a chave da verdadeira evangelização. Então, após tirarmos de nossas costas o peso da santidade forçada imposta pela religião, sobra o que interessa: o remédio, a cura para as nossas feridas. E esta cura é a vontade verdadeira do Pai ensinada por Jesus.

Vamos imaginar uma criança sapeca, daquelas que aprontam de tudo. O Evangelho não é a corrente e o cadeado que a prenderá a uma pilastra para que nunca venha a se ferir. O Evangelho é o bálsamo, o unguento, o remédio que será passado em suas feridas para que elas possam cicatrizar. E espera-se que a criança aprenda com aquele machucado e não mais volte a se ferir. Não por outra razão, Jesus afirmou que veio para os pecadores e não para os santos.

Em vez de pretender "ser" o Evangelho, vamos "vivenciar" e "praticar" a Palavra de Deus. E não se trata de uma questão meramente semântica, pois ensinar como praticar a vontade de Deus, que é a verdadeira evangelização, me parece bem melhor que justamente tentar ensinar alguém a ser o que, seguramente, nós mesmos nunca conseguiremos ser.

FONTE: mateus23.blogspot.com

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